Lula Morais: Terra da luz, berço da liberdade

Por que o Ceará é terra da luz e berço da liberdade? Esta frase cunhada por José do Patrocínio, durante uma conferência em favor da abolição, nos remete ao pioneirismo do Estado neste momento histórico que foi a libertação dos escravos.

Por Lula Morais*

Nosso Estado é muito mais do que a terra do sol, sendo protagonista e designado assim de berço da liberdade, daí a sábia denominação do abolicionista. Motivo principal que me fez apresentar a Emenda Constitucional que consagra simbolicamente o dia 25 de março como Data Magna do Ceará. Iniciativa aprovada e sancionada pela Assembleia Legislativa do Estado.
Essa atitude dos nossos antepassados, há mais de 100 anos, tem repercussão hoje, pois, devido ao fato histórico, Redenção é sede Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Cinquenta por cento de seus estudantes são de países de língua portuguesa, principalmente da África, berço dos escravos do Brasil que, agora, vêm para estudar e não mais para ter a mão de obra explorada. No dia 1º de janeiro de 1883, a Vila do Acarape, atual Redenção, emancipou seus escravos, antes da província do Ceará. Assim, Redenção é conhecida como Rosal da Liberdade.

Outro momento importante no processo de abolição no Ceará foi a participação dos jangadeiros que também aderiram ao movimento e, em janeiro de 1881, fecharam o porto de Fortaleza ao embarque de escravos. Eles eram liderados por Francisco José do Nascimento, conhecido como Dragão do Mar ou Chico da Matilde. O revolucionário mulato de Canoa Quebrada foi nomeado prático da Capitania dos Portos, convivendo com o drama do tráfico negreiro. A história registrou seu brado literário!

Não é à toa, também, que o Palácio do Governo é denominado de Palácio da Abolição, o que mais uma vez nos remete à simbologia deste fato histórico. A abolição foi importante para a consolidação da diversidade do povo e da cultura brasileira. Representa não só um marco político, mas também social e cultural.

A capoeira, a umbanda, o candomblé e o maracatu são algumas das heranças da cultura africana que já fazem parte do nosso povo. Temos que nos orgulhar por sermos os pioneiros a libertar os escravos. Também é uma data de reflexão, pois, apesar dos avanços pela igualdade racial, ainda temos muitos obstáculos e preconceitos que devem ser superados por nossa sociedade. Para lembrar todos que lutaram pela abolição, nada mais justo tornar o dia 25 de março a Data Magna do Estado.

*Lula Morais é Deputado estadual (PCdoB)

Fonte: O Povo