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Do Amazonas ao Caribe, uma expedição que entrou para a história

Casa cheia, com expedicionários grisalhos e centenas de jovens ansiosos para conhecer detalhes do histórico fato científico, as canoas que há 25 anos foram de Amazonas ao Caribe, navegaram hoje na lembrança de uma merecida homenagem. O Simpósio Internacional "Amazonas, Rota Cultural Milenar” foi inaugurado, na terça-feira (27), na Casa de Cultura Equatoriana, em Quito, Equador. Pesquisadores, acadêmicos e expedicionários que fizeram a travessia se reuniram durante os dois dias do evento.


Expedição realizada na década de 1980 coletou dados fundamentais sobre
cultura dos povos indígenas da região amazônica

O organizador e líder da expedição, o geógrafo cubano Antonio Núñez Jiménez, o arqueólogo e historiador equatoriano Lénin Ortiz, quem garantiu boa parte logística da partida e o Maestro Oswaldo Guayasamín receberam uma homenagem especial. Também foram homenageados integrantes que ainda estão vivos e colaboradores que construíram as canoas em Misahualli no alto Napo equatoriano.

O expedicionário Ángel Graña explicou os detalhes da viagem que durou um ano, de março de 1987 até o mesmo mês no ano seguinte.

Com 17 mil e 422 quilômetros percorridos pelas correntes fluviais dos rios Orinoco e Amazonas e logo pelo mar do Caribe, a expedição científica multidisciplinar passou por 20 países, com o qual se pode demonstrar os antigos deslocamentos pré-hispânicos e as raízes comuns. A viagem comprovou cientificamente a conexão existente entre os povos do continente e os que habitavam as ilhas do Caribe antes da conquista espanhola.

O Simpósio foi inaugurado por Yumak Ortiz, presidente da Fundação Procultur; pelo embaixador cubano, Jorge Rodríguez; e Lilian Núñez, presidente da Fundação Núñez Jiménez.

Pablo Guayasamín, presidente da Fundação que leva o nome do pintor iberoamericano, contou históriasde quem fez também o estandarte da expedição. Fernando Salme forneceu suas memórias parcialmente coletadas em suas crônicas de viagem.

Feito cultural, científico e de reivindicação histórica sobre o papel dos povos originários, como observou o embaixador Rodríguez, lembrou que os dados coletados foram declarados pela Unesco de interesse mundial e só foi possível pela vontade de homens decididos. São arquivos, escritos, diários de campo e filmagens tidos como parte da memória do mundo.

A expedição só foi possível graças à contribuição "generosa" de muitas instituições e das embaixadas de Cuba, Venezuela e Bolívia, como agradeceu Ortíz em seu discurso de abertura, esse simpósio e os papéis de figuras de destaque do Equador, Cuba, Peru e México,já ocupam um lugar merecido na cultura regional.

Atividades

Os participantes do foro, Venezuela, México, Peru e Cuba, abordaram os temas "Culturas amazônicas, patrimônio cultural e identidade".

Também foram realizadas uma série de conferências com os seguintes temas: "O Amazonas Rota Cultural 12 mil anos Antes de Cristo"; "Amazônia, Meio-ambiente e Desenvolvimento Sustentável", e "Equador, país Amazônico, do mito à realidade histórica".

Uma exposição dos desenhos realizados por Fernando Me Saia, cronista desenhista etnográfico deste périplo, e uma homenagem a Oswaldo Guayasamín, que além de respaldar a investigação, elaborou o estandarte que os acompanhou.

Com informações da Prensa Latina