Malvinas: prêmios Nobel apoiam Argentina; entenda o conflito
Nesta terça-feira (26), seis prêmios Nobel da Paz divulgaram um manifesto endereçado ao primeiro-ministro David Cameron em apoio à presidente argentina Cristina Kirchner. O texto pede o prosseguimento das negociações recomendadas pelo Comitê Especial para encontrar uma solução pacífica para a disputa pela soberania das Ilhas Malvinas.
Publicado 27/03/2012 16:40
Na próxima segunda-feira (2/04), o desembarque das tropas argentinas nas ilhas Malvinas completa 30 anos. Até a data, o Vermelho publicará uma série de textos e reportagens sobre o episódio.
As Falklands, como as chamam os ingleses, são uma causa de todos os argentinos e sua soberania têm sido reivindicada pela presidente Cristina Kirchner sistematicamente em fóruns internacionais. O Brasil apoia o país sul-americano.
Distintas estâncias da comunidade internacional, organismos internacionais, organismos multilaterais e fóruns internacionais tem reiterado o pedido de diálogo, tais como a Organização de Estados Americanos (OEA), o Mercado Comum do Sul (Mercosul), a Associação Latina Americana de Integração (Aladi), a União Sul-Americana de Nações (Unasul), o Sistema de Integração Centro-americana (Sica), Comunidade sul-americana de Nações, Grupo do Rio, Aliança Boliviana para os povos da nossa América (Alba), Comunidade de Estados Latino americanos e do Caribe (Celac), declarações das Cúpulas Ibero americanas, Cúpulas sul-americanas, primeira Cúpula Energética sul-americana, Cúpulas de Países da America Latina e do Caribe (CALC), II Cúpula America do Sul – África, Cúpulas de Países sul-americanos e Países Árabes, grupo dos 77 e China entre outros.
Assinam o texto os Prêmio Nobel Adolfo Pérez Esquivel (Argentina), Mairead Corrigan Maguire (Irlanda do Norte), Rigoberta Menchu Tum (Guatemala), Desmond Tutu (África do Sul), Jody Williams (Estados Unidos) e Shirin Ebadi (Irã). Novas adesões deverão ser enviadas para os e-mails granosdesalpormalvinas@gmail.com ou grainofsaltformalvinas@gmail.com.br. Confira a íntegra do manifesto aqui.
Histórico
Em meados de 1980, o modelo econômico neoliberal imposto a sangue e fogo pelo autodenominado Processo de Reorganização Nacional, durante a ditadura argentina, deu mostras de esgotamento, o que provocou numerosas tensões sociais: 90% de inflação anual, recessão profunda, interrupção de boa parte da atividade econômica, generalização do IVA (Imposto ao consumo), empobrecimento das classes médias, brusco aumento do endividamento externo das empresas e do Estado, salário real cada vez mais depreciado, aumento da pobreza, etc.
A substituição do chefe da primeira Junta, Jorge Rafael Videla, pelo general Roberto Viola e, este pelo general Leopoldo Galtieri, foi uma conseqüencia dessa crise. A consequente decisão de tentar recuperar as Malvinas foi tomada, entre outras razões, tanto para conseguir desviar a atenção social desses problemas, como pela possibilidade de recuperar o crédito perdido entre determinados setores sociais. As Malvinas estavam em poder dos britânicos há mais de cem anos.
A reivindicação da soberania sobre o território chamado pelos ingleses de Falklands é cara ao povo, com uma importante legalidade diplomática em favor da Argentina nos organismos internacionais, mas sempre foi aconselhada ao país sul-americano a reivindicação pela via diplomática.
O descobrimento das ilhas é motivo de controvérsias. O território foi ocupado alternadamente entre Espanha, França, Argentina e Reino Unido. O país latino reivindica, no entanto, que as ilhas estão ocupadas por uma potência invasora, já que elas formam parte da Terra do Fogo, Antártida e ilhas do Atlântico Sul.
A Guerra
A Guerra das Malvinas teve início na madrugada do dia 2 de abril de 1982, quando as tropas argentinas que integravam o Operativo Rosario recuperaram pela força seus direitos soberanos sobre as ilhas Malvinas, Georgias do Sul, Sandwich do Sul e Ilhas do Atlântico Sul e tomaram o controle do Porto Argentino (ou Porto Stanley, como chamam os britânicos), capital do arquipélogo.
O governo de Margareth Thatcher preparou então uma ofensiva naval para recuperar as ilhas. O governo estadunidense se colocou ao lado dos ingleses. A manobra valeu à Inglaterra o apoio logístico e de inteligência auxiliar dos Estados Unidos. Os países europeus também apoiaram o Reino Unido e impuseram como sanção um embargo comercial à Argentina. Por outro lado, os países da América Latina e do Terceiro Mundo em geral apoiaram a Argentina.
Fim da ditadura
As forças britânicas chegaram às ilhas em 1º de maio, quando começaram os bombardeios. No fim do mesmo mês, os ingleses desembarcaram nas ilhas e ocorreram vários enfrentamentos violentos. Em 14 de junho a guerra acabou com a rendição incondicional das tropas argentinas. Para o país americano, o saldo foi de quase 700 mortos e 1.300 feridos.
O episódio desgastou o governo militar a ponto de torná-lo insustentável. Pouco depois do conflito, o exército tirou Galtiere da presidência e designou para o seu lugar o general Reynaldo Benito Bignone, com a missão de liquidar o regime e preparar o terreno para convocar as eleições. Por outro lado, a vitória ajudou o governo conservador de Thatcher que foi reeleita em 1983.
Da Redação, com informações do site Lujan Hoy,
Vanessa Silva