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Crime de neonazistas comove sociedade chilena

A morte de Daniel Zamudio, o jovem chileno que sofreu uma agressão brutal por ser homossexual, derivou em forte repúdio ao conservadorismo e à intolerância que marcam a sociedade chilena.

O porta-voz do Movimento de Integração e Libertação Homossexual, Jaime Parada, enfatizou que o jovem de 24 anos falecido terça-feira (27) à noite após longa agonia é uma vítima "da intolerância, da homofobia e do ódio que alguns têm cultivado" no Chile.

Parada afirmou que os parlamentares que rechaçaram a Lei Anti-discriminação, paralisada há sete anos no poder legislativo, são responsáveis morais pelo que ocorreu a Zamudio.

Deputados comunistas chilenos criticaram o fato de que existam representantes de direita no legislativo que imponham seus pontos de vista conservadores e impeçam que uma lei que demonstra claro respeito à diversidade e estabelece mecanismos que condenam a intolerância seja aprovada no país.

"O Partido Comunista tem sofrido com a perseguição, a ilegalidade, a tortura, a prisão, o exílio, o desaparecimento e o assassinato devido a nossas ideias políticas a favor de uma sociedade mais justa e por esse motivo levantamos nossa voz contra qualquer discriminação", diz declaração divulgada pela organização.

Após três semanas lutando por sua vida, Daniel Zamudio – a quem um grupo de quatro neonazis golpeou tanto que fraturou seu crânio, tórax e extremidades, segundo as primeiras investigações – morreu ontem à noite.

Zamudio também foi torturado durante quase seis horas, queimado com cigarros e, antes de deixar seu corpo abandonado em um parque de Santiago, seus atacantes marcaram-no com suásticas usando o gargalo de uma garrafa.

Uma semana após a agressão foram detidos quatro jovens entre 19 e 25 anos, supostamente responsáveis pelo brutal ataque.

Jaime Silva, o advogado da família Zamudio, afirmara que caso Daniel viesse a falecer, tratar-se-ia de um homicídio doloso que poderia implicar na pena de prisão perpétua.

Durante os últimos dias, centenas de pessoas acompanharam a agonia de Daniel em frente à unidade onde estava hospitalizado. No exterior do local foram postas velas acesas, cartas, fotografias, bandeiras e cartazes com mensagens solidários.

Em um texto anônimo era possível ler: "Perdão, Daniel, por nossas leis obsoletas, por nossas piadas sobre a diferença, por nossa superficialidade agarrada ao consumo diário de tanta televisão".

"Perdão pela classe política que temos. Uma classe política que dá vergonha. Perdão por que inexplicavelmente voltaremos a nos idiotizar com o futebol e a farra televisiva da vez. E tua morte será uma marca mais neste Chile de merda", agrega a nota.

Fonte: Prensa Latina