Sem categoria

Suicídio de aposentado desencadeia protestos na Grécia

O suicídio de um aposentado em praça pública gerou uma nova onda de protestos nas duas maiores cidades do país, Atenas e Tessalônica. O homem, de 77 anos, suicidou-se com um tiro na cabeça na manhã da última quarta-feira (4), na Praça Sintagma, em frente ao Parlamento de Atenas, e deixou uma nota na qual afirma que sua pensão não dava para viver, depois dos muitos cortes que sofreu, e acusa o governo de traição.

Suicídio de aposentado gera onda de protestos violentos na Grécia / Foto: Reuters

Após o suicídio, cerca de 1,5 mil manifestantes ocuparam a praça Sintagma ao longo do dia. Algumas delas gritavam "não foi suicídio, foi assassinato". Outras rezaram e deixaram velas e notas de protesto ao lado da árvore onde se matou o idoso, contra a difícil situação econômica enfrentada pela Grécia.

Leia também: 
Crise provoca suicídio na Grécia


À noite, o protesto se tornou violento. Tropas de choque usaram gás lacrimogêneo e granadas de flash para conter a multidão, que respondeu com pedras e coquetéis molotov. Apesar do confronto, autoridades gregas não registraram feridos e nem prisões durante o episódio.

Também em Tessalônica, a segunda mais importante cidade grega, concentraram-se milhares de pessoas. Mais protestos estão marcados para esta quinta-feira na Grécia. Organizações estudantis e de diversos setores da sociedade prometeram comparecer às novas manifestações.

Um dos responsáveis pelo arroxo que tanto prejudica trabalhadores e aposentados, o primeiro ministro grego Lucas Papademos divulgou uma nota lamentando o suicídio do aposentado e pedindo que a população ajude a apoiar os que estão desesperados.

Em uma nota encontrada com o suicida, um farmacêutico aposentado de 77 anos, ele afirma que não tinha mais condições de sobreviver com a sua aposentadoria, reduzida devido aos cortes ordenados pelo governo. "Não vejo outra solução além de um fim digno antes de começar a vasculhar a lata de lixo atrás de comida e me torne um fardo para meu filho", diz a nota. 

As taxas de suicídio subiram na Grécia desde que o governo do país passou a implementar uma série de medidas de austeridade sob o argumento de reduzir o deficit público e o endividamento do Estado e garantir "ajuda" externa da União Europeia e do FMI. As aposentadorias foram fortemente afetadas pelos cortes. Dezenas de milhares de gregos perderam os empregos no último ano. A taxa de desemprego atinge quase 25% da força de trabalho do país. A desesperança instalou-se no país.

Com Deutsche Welle