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Termina Cúpula das Américas sem consenso nem Declaração Final

A 6ª Cúpula das Américas terminou neste domingo (15) na cidade de Cartagena, no Caribe colombiano, depois de percorrer caminhos divergentes, o que obrigou os chefes de Estado e governo ali reunidos a centrar os debates em temas fora da agenda oficial.

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Nas discussões anteriores ao encontro, quase todos os participantes, exceto o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, coincidiram em discutir acerca da necessidade da presença de Cuba nessas reuniões continentais.

Por não se chegar a um acordo sobre esse ponto, dada a negativa das nações do Norte, a Cúpula hemisférica se encerra sem uma Declaração Final.

A isso se somou a posição dos países da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) que decidiram não participar nas próximas Cúpulas das Américas se Cuba não for convidada.

Cuba "tem direito incondicional e inquestionável de estar presente e participar em plano de igualdade soberana neste foro", sublinharam os representantes desse mecanismo de integração presentes na Cúpula.

Com essa ação, a Alba (integrada por Antígua e Barbuda, Bolívia, Cuba, Dominica, Equador, Nicarágua, São Vicente e Granadinas e Venezuela) busca rechaçar a ingerência de Washington na região, segundo um documento difundido no sábado (14).

Uma exigência quase unânime pelo fim do bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelos Estados Unidos a Cuba desde há meio século, foi outro dos pontos que transformou a agenda oficial da Cúpula das Américas.

Juan Manuel Santos, anfitrião, assegurou, ao inaugurar o foro de chefes de Estado e governo que essa medida unilateral de Washington é ineficaz.

"O isolamento, o embargo, a indiferença, o olhar para o outro lado, já demonstraram sua ineficácia. No mundo de hoje não se justifica esse caminho. É um anacronismo que nos mantém ancorados a uma era da Guerra Fria superada já há várias décadas", sublinhou.

O mandatário boliviano, Evo Morales, por sua parte, realçou que "todos os países da América Latina querem a presença de Cuba, mas há uma imposição, uma ditadura que não a aceita".

"Não é possível nem democrático" que um só país negue a demanda da maioria das nações da América Latina, acentuou.

Embora a imprensa não tenha tido acesso à plenária presidencial, este tema, assim como a exigência da soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas e as novas estratégias de luta contra as drogas, centraram as discussões, segundo se informou.

Os discursos dos mandatários em distintos momentos destas jornadas insistiram na necessidade da integração de todos os povos do continente em igualdade de condições para solucionar os problemas que ainda existem como pobreza e desigualdade social.

O próprio Santos sublinhou que "estamos diante da ineludível necessidade de atuar juntos para sermos mais eficazes em resolver os muitos desafios que ainda afetam o bem-estar, a tranquilidade e a prosperidade de nossos povos que são os verdadeiros destinatários de nossas deliberações".

Igualmente, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, enfatizou que as relações entre os Estados Unidos e esta região têm que ser "entre iguais".

Dilma defendeu a necessidade da unidade das economias do continente americano, porque – apontou – temos um potencial de integração muito grande. "A integração é uma forma de articular-nos para enfrentar as consequências nefastas da crise."

Nesse sentido, destacou a consolidação de mecanismos regionais como a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos.

De maneira colateral, a Cúpula dos Povos chamou a solidificar a articulação da luta social com o propósito de reivindicar os direitos sociais e apostar em uma verdadeira integração sustentada na solidariedade.

Em sua Declaração Final, censurou o fato de que os Estados Unidos insistam em impor a agenda internacional do hemisfério e se mostrem como uma nação que defende os direitos humanos, entre outros pontos.

Desde a 1ª Cúpula das Américas que se realizou na Flórida, em Miami, em dezembro de 1994, até a Cúpula de Cartagena, o continente mudou muito e a agenda destas reuniões, sem dúvida, parece ir adequando-se às exigências dessas transformações.

Prensa Latina
Tradução da Redação do Vermelho