Dia dos Prisioneiros: palestinos propõem diálogo

Milhares de palestinos se manifestaram nesta terça-feira (17) em favor da retomada do diálogo com Israel, por ocasião do Dia dos Prisioneiros, coincidindo com a anunciada libertação do ativista islâmico Khader Adnan e a solicitação do governo de Mahmoud Abbas a Tel Aviv.

Com marchas em várias aldeias e cidades da Cisjordânia ocupada, como também fizeram outras centenas de pessoas na segunda-feira em Arraba, os palestinos aproveitaram nesta terça-feira para denunciar os abusos das autoridades sionistas contra mais de 4.700 prisioneiros.

O ministro da Autoridade Nacional Palestina (ANP) para Assuntos dos Prisioneiros, Issa Qaraqaa, destacou que a situação dos palestinos atrás das grades israelenses piorou e que "não haverá paz na região sem a libertação de todos os palestinos".

Qaraqaa apontou que dos mais de 4.700 presos, 320 estão em regime de detenção administrativa, por tempo indefinido, sem julgamento nem acusação formal.

Esta arbitrariedade motivou a greve de fome de 66 dias de Khader Adnan, um membro do movimento de resistência Jihad Islâmica (Guerra Santa), que Israel se comprometeu a libertar.

Adnan conseguiu mobilizar setores palestinos nos territórios ocupados da Margem Ocidental e Jerusalém, Faixa de Gaza e grupos de direitos humanos no exterior, que pressionaram Tel Aviv.

Fontes palestinas informaram que neste ano no dia em homenagem aos prisioneiros, 1.600 deles, encarcerados em prisões sionistas, iniciarão uma greve de fome.

Enquanto em Ramalah intensificaram-se as demandas de libertação em manifestações realizadas com bandeiras palestinas e fotos de presos e do falecido líder Iasser Arafat, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, enviou uma carta ao premiê israelense, Benjamín Netanyahu.

Abbas ratificou a Netanyahu a vontade de retomar as negociações diretas para a paz, mas reiterou a demanda de que cesse a expansão das colônias nos territórios ocupados e que Israel aceite a solução de dois Estados baseada nas fronteiras de 1967.

A carta foi entregue ao chefe de governo sionista pelo premiê palestino, Salam Fayyad, que igualmente transmitiu a exigência de libertação de palestinos que estão presos em cárceres israelenses desde antes de 1993, segundo confirmou o chefe negociador Saeb Erakat.

Netanyahu, cuja reunião com Fayyad foi a primeira entre ambos e com um dirigente palestino nos últimos 20 meses, tem recusado reiteradamente essas exigências para retomar o diálogo, enquanto o movimento islâmico Hamas criticou o gesto de Abbas.

O Hamas, que governa em Gaza e se opõe a negociar sob a ocupação israelense, avaliou que com a viagem da delegação da ANP a Jerusalém se estava "apunhalando pelas costas os prisioneiros palestinos".

Prensa Latina