Cruz Vermelha revela aumento de problemas humanitários em 2011

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na Colômbia apresentou nesta quarta-feira (18) em Bogotá, e em mais nove cidades colombianas onde está presente, um relatório anual com denúncias sobre o aumento de problemas humanitários que afetam a população civil.

Por Natasha Pitts, na Adital

Os problemas como deslocamentos forçados, ameaças, violência sexual, infrações contra a missão médica e danos aos bens civis estão inseridos no contexto de conflito armado interno que a Colômbia vive há quase 50 anos.

Segundo aponta nota de imprensa do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, o relatório é também uma forma de rememorar a todas as partes envolvidas no conflito que é necessário respeitar e aplicar com rigor as normas humanitárias.

Os problemas humanitários são mais frequentes nas chamadas ‘zonas esquecidas’. Nestes locais, a população sofre com a intensificação dos combates e operações militares e carece de serviços básicos como água, educação, saúde e transporte.

O CICV revela que as regiões onde a população está sendo mais afetada pelo conflito é Cauca, Nariño, Chocó, Antioquia, Córdoba, Putumayo, Caquetá, Meta, Guaviare e Norte de Santander. Em Medellin, Tumaco e Buenaventura, o relatório aponta que a população enfrenta as consequências do conflito interno ao mesmo tempo em que é afetada por outras formas de violência organizada. Cauca, Nariño, Putumayo e Caquetá foram palcos de combates, operações militares e ataques.

Além de casos de deslocamentos forçados, violência sexual, ataques e danos a bens civis, o CICV também registrou casos de fumigações aéreas em cultivos ilícitos. A prática afetou plantações lícitas de comunidades que vivem nas zonas de conflito e tornou ainda mais difícil a busca por alimentos e meios de subsistência, além de afetar a saúde da população. Em 2011, o Comitê catalogou mais de 760 violações do Direito Internacional Humanitário e de outras normas básicas que protegem as pessoas.

O relatório aponta que o Governo tem se esforçado para mudar esta realidade, mas lamenta o fato de que estes esforços estejam sendo insuficientes. A falta de ações concretas tem dado espaço para a consolidação dos grupos armados emergentes, chamados pelo governo de "Bacrim”. E foi justamente a ação destes grupos que intensificou problemas humanitários em regiões como Antioquia, Córdoba, Chocó, Nariño e alguns departamentos da costa Caribe.

Os bairros destas cidades são de difícil acesso, o que facilita o controle dos grupos armados e serve como desculpa para que sejam cada vez mais esquecidos. Para provar que estas regiões fazem parte de ‘outra Colômbia’, da ‘Colômbia esquecida’, Jordi Raich, chefe da delegação do CICV, cita dados que comprovam a desigualdade e o crescimento econômico do país.

Com base em cifras da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), Raich afirma que a Colômbia é o segundo país com a pior distribuição de renda. Ao mesmo tempo, em 2011, o crescimento econômico do país foi superior a 5%, um dos mais altos da América Latina.

Atividades em 2012

Neste ano, a Comissão Internacional da Cruz Vermelha dará continuidade ao trabalho nas zonas isoladas da Colômbia para dar a assistência necessária às comunidades afetadas pelo conflito armado interno. O trabalho também terá prosseguimento na zona urbana, onde a população enfrenta situações de violência.

O relatório do CICV em espanhol pode ser acessado na íntegra em: http://www.icrc.org/spa/assets/files/2012/informe-colombia-2011-17-04-12.pdf