Consórcio em Belo Monte acionará justiça contra greve

O Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) disse que tomará medidas judiciais para que a greve nas obras de construção da usina seja considerada ilegal, alegando que as reivindicações estão sendo feitas fora da data-base (1º de outubro). Cerca de sete mil trabalhadores da Usina Hidrelétrica de Belo Monte cruzaram os braços nesta segunda-feira 923), conforme haviam anunciado na semana passada.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Estado do Pará (Sintrapav-PA), a categoria reivindica modificações no período de baixada, quando saem de folga para visitar suas famílias, e reajuste no vale-alimentação. A empresa apresentou proposta que foi rejeitada por eles em assembleia, que votou pela greve.

Apesar de outros pontos da pauta de reivindicação terem sido acordados pelo Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pelas obras, nas duas principais questões não houve acordo. Os trabalhadores da construção civil esperam a redução do período de baixada de seis para três meses. Atualmente recebem uma folga de nove dias a cada 180 dias para visitarem suas famílias. A empresa ofereceu os mesmos 180 dias aumentando a duração de nove para 19 dias. No entanto, esses dez dias a mais corresponderiam à antecipação das férias. Os peões também exigem aumento do vale-alimentação, dos atuais R$ 95 para R$ 300. O consórcio só acenou com um aumento de R$15.

Dos cerca de 7,7 mil trabalhadores, apenas 850 estão cumprindo expediente nos serviços considerados essenciais para os alojamentos nos cinco canteiros da obra – principalmente nas áreas de saúde, água e esgoto, segurança patrimonial, alimentação, além de alguns eletricistas e pedreiros. Segundo o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), a manutenção desses serviços básicos “é uma exigência legal”.

Durante a manhã, foram feitas barricadas como uma no acesso ao Travessão 27, local que liga a Rodovia Transamazônica à estrada de terra para os sítios Pimental e Canais e Diques.
“Fizemos algumas barricadas, mas apenas para explicar aos trabalhadores o que estava acontecendo. Não impedimos ninguém de trabalhar, mas deixamos clara a necessidade deles aderirem à greve, até porque ela foi votada e decidida por eles. Além disso, pedimos ao CCBM que identificasse os ônibus que transportariam os funcionários responsáveis pelos serviços essenciais. Não houve nenhuma objeção a eles serem levados aos canteiros”, acrescentou o sindicalista.

O vice-presidente do Sintrapav-PA, Roginel Gobbo, disse ao Vermelho, na véspera da greve, que esperava contato da empresa e até do governo federal para evitar a paralisação: "Esperamos que o governo entre em contato para nos ajudar a encontrar uma solução. A empresa (Consórcio Construtor Belo Monte) alega não ter dinheiro para atender a solicitação dos trabalhadores. A greve não é um bom resultado. É fruto de um acordo não ajustado. O ideal é conquistar sem paralisação".

Hoje (23), voltou a repetir que os trabalhadores ainda esperam pelo diálogo. “Estamos abertos à negociação e aguardamos a manifestação do CCBM. Qualquer movimentação deles, no sentido de atender nossas propostas, pode interromper a greve”.

Em nota, CCBM disse que tomará medidas judiciais para que a greve nas obras de construção da usina seja considerada ilegal, alegando que as reivindicações estão sendo feitas fora da data-base, que é outubro. A empresa diz que as condições atuais são validadas pelo acordo coletivo de trabalho atual.

Da redação, com Agência Brasil