Uma garota que perdeu o caminho de casa

Nesta sexta-feira (27) estreia em São Paulo o premiado filme Slovenian Girl, lançado em 2009 em Sarajevo. Tornou-se um sucesso de público e crítica porque, embora reconte a história de uma jovem igual a milhares de outras, que se vende por sexo para sobreviver, a narrativa consegue surpreender graças à direção de Damjan Kozole e à sua protagonista, Nina Ivanišin, que extrapola os limites da atuação convencional .

Nina Ivanisin, protagonista de Slovenian Girl

“Na Eslovênia, os classificados de jornal saem duas vezes por semana. Pelo menos dez páginas de anúncios pessoais aparecem, bem pequenos. Cerca de mil desses anúncios são colocados por garotas oferecendo sexo por dinheiro. A metade diz que é estudante, apesar de muitas mentirem sobre sua idade ou status. Existem, claro, muitas estudantes entre elas – jovens mulheres que não se parecem com prostitutas. Nenhum de seus amigos, colegas ou família suspeitam que elas tenham algum envolvimento com a prostituição. A história de uma dessas garotas me intrigou muito – sua ganância, sua franca indiferença e a insustentável leveza de sua filosofia de praticar sexo por dinheiro. É quase como se não tivesse nada a ver com ela ou com seu corpo. Ela muda para o piloto automático quando está com seus clientes.
Slovenian Girl é um retrato de uma jovem desesperada despedaçada por seus conflitantes sentimentos em relação a si mesma e o mundo a sua volta. Ela perde o senso de realidade e apreço por seu próprio corpo, tudo porque quer garantir para si mesma uma vida melhor.”

Assim Damjan Kozole, diretor de Slovenian Girl, descreve sua inspiração para o filme. A atriz que dá nome ao filme, premiada por sua atuação, é Nina Ivanisin, que vive Alexandra, uma jovem do interior da Eslovênia que estuda letras na universidade de Ljubljana, capital do país.
Abandonada pela mãe e criada pelo pai, o operário e boêmio Edo (Peter Musevski), ela planeja ganhar o mundo. Para alcançar seus objetivos, Alexandra trabalha como garota de programa, sob o pseudônimo "Slovenian Girl", atraindo seus clientes através de anúncios de jornal. Sua vida segue como planejado até que a morte de um figurão em um dos seus programas a coloca em evidência na mídia e na mira do submundo dos cafetões eslovenos.

O filme está fazendo uma bela carreira, tendo conquistado os prêmios de Melhor Atriz (Nina Ivanišin) na Mostra de Valencia 2009, no Les Arcs EFF 2009 e também no Cinnessonne IFF 2010, onde arrebatou o prêmio de público. Foi considerado o Melhor Filme Europeu de 2010 pela European Film Academy.

O diretor e a atriz

Damjan Kozole nasceu em 1964, em Brezice, Eslovênia (então Iugoslávia). Aos 22 anos ele estreou com um filme de baixo orçamento, The Fatal Telephone, um dos primeiros filmes independentes na antiga Iugoslávia.

Seu filme Spare Parts (2003) foi indicado para o Urso de Ouro no Festival Internacional de Berlim (IFF) em 2003. O filme ganhou vários prêmios internacionais e estava entre os candidatos selecionado pela Academia Européia de Filme, para o melhor filme europeu daquele ano. O crítico de filmes britânico Peter Bradshaw escreveu para o Guardian que Spare Parts era “um dos filmes mais fortes e provocativos do ano”. Foi lançado em aproximadamente 15 países, incluindo Reino Unido e EUA.

Nina Ivanišin nasceu em 1985, em Maribor, Eslovênia, e se formou na Academia de Filme e Teatro de Ljubljana (AGRFT). Participou de vários filmes de estudantes. O papel de Alexandra, em Slovenian Girl, é seu primeiro papel profissional. Depois disso, ela também estrelou o filme croata Just Between Us, dirigido por RAjko Grlic. Desde o outono de 2008, ela é membro do Teatro Esloveno, em Celje.

O filme está sendo trazido ao país pela Tucumán Filmes, criada em 2009, e que tem como meta difundir no Brasil e no mundo, o cinema latino-americano e o cinema de países cujas produções têm pouca inserção no Brasil.