Marcha patriótica: Colômbia caminha para segunda independência

Após reunir mais de 1.700 organizações da sociedade civil da Colômbia, a Marcha Patriótica — movimento de esquerda que tem como principais reivindicações a reforma agrária e o fim do conflito armado vivido pelo país — divulgou um manifesto onde afirma que pretende avançar rumo à edificação da “Segunda e Definitiva Independência. Na mais profunda fraternidade e solidariedade dos povos que lutam por soberania e autodeterminação”.

Cerca de 150 mil pessoas celebram o nascimento da Marcha Patriótica/ Foto: Anncol

O movimento foi construído para contribuir com “a mudança política requerida nosso país, superando a hegemonia imposta pelas classes dominantes, de avançar na construção de um projeto alternativo de sociedade (…) precisamente nos momentos em que o capitalismo se encontra em uma de suas maiores crises, mostrando seus limites históricos cada vez mais evidentes”.

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A Marcha Patriótica tem clara a necessidade de lutar “por um novo modelo econômico, de Estado e da sociedade”, baseando-se nos princípios da autodeterminação e do internacionalismo dos povos, contribuindo para a integração da Nossa América.

Os manifestantes reforçam que as declarações do presidente Juan Manuel Santos, o fato de ele aparecer como modernizante, reformador, “representa uma continuidade do projeto hegemônico e de tentativas de rearranjos do bloco de poder, precisamente para garantir” a continuidade.

De acordo com o movimento, não se aprecia – “para além da retórica – o surgimento de novas condições que permitam afirmar que se está a caminho de superar as estruturas autoritárias, criminosas, mafiosas e corruptas que caracterizam o regime político colombiano”.

Eles também denunciam a “necessidade de produzir uma mudança política no país que defina as bases para a derrota do atual bloco hegemônico de poder e gere as condições para as transformações estruturais econômicas, políticas, sociais e culturais reclamadas pelas pessoas e pelo povo colombiano em geral. A Marcha (…) chama à mais ampla unidade do povo colombiano e, em especial, dos diferentes processos sociais e populares existentes”.

Sobre as Farc, eles assinalam que a paz é concebida pelo governo em termos de uma solução militar. E denunciam que a política atual de contra-insurgência se fundamenta em um crescente intervencionismo militar estrangeiro “com o que, além de tentar induzir uma mudança no equilíbrio estratégico da guerra, corresponde aos interesses geopolíticos e econômicos do imperialismo dos EUA para garantir o acesso a recursos estratégicos, proteger investimentos transnacionais e conter quaisquer ameaças contra esses propósitos”.

“A marchar pela solução política! A marchar pela soberania e integração dos povos! A marchar pela unidade popular e pela Segunda e definitiva independência!”, conclui o manifesto.

Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva