China exige desculpas dos EUA na véspera de reunião com Hillary

A China quer um pedido de desculpa dos Estados Unidos, que acolheram na sua embaixada em Pequim o advogado cego Chen Guangcheng, que estava em prisão domiciliar. O porta-voz da chancelaria chinesa, Liu Weimin disse que ele foi levado pelos EUA à sede diplomática “por meios anormais”. A China está muito incomodada com o ocorrido, disse. O incidente acontece na véspera de uma reunião entre as autoridades chinesas e a secretária de Estado, Hillary Clinton, que chegou nesta quarta (2) ao país.

"Chen Guangcheng, um cidadão chinês, foi levado pela parte norte-americana para a Embaixada dos Estados Unidos em Pequim por vias anormais e a parte chinesa está profundamente desgostosa com essa atitude", disse o porta-voz, Liu Weimin, citado pela agência de notícias oficial chinesa.

O porta-voz qualificou a referida atitude como "uma interferência nos assuntos internos da China" e segundo a mesma fonte, "pediu que os Estados Unidos investiguem completamente o sucedido, responsabilizem as pessoas envolvidas e assegurem que não volte a acontecer um caso destes".

"O que os Estados Unidos fizeram interferiu nos assuntos internacionais da China e a parte chinesa nunca aceitará isso", disse o porta-voz. "A embaixada dos Estados Unidos em Pequim tem a obrigação de observar as relevantes leis internacionais e as leis chinesas e não deve fazer nada que não esteja relacionada com a sua missão", acrescentou. Liu Weimin reiterou ainda que a China é um país governado pela lei, e todos os direitos dos cidadãos estão protegidos pela Constituição. Os cidadãos chineses estão obrigados a respeitar a Constituição e leis do país.

Já em Pequim, Hillary Clinton disse nesta quarta-feira que os Estados Unidos conduziram o caso do preso chinês Chen Guangcheng "de um modo que refletiu suas escolhas e nossos valores”.

"O governo dos Estados Unidos e o povo norte-americano estão comprometidos em permanecer ligados ao senhor Chen e sua família nos próximos dias, semanas e anos", disse Hillary em um comunicado divulgado depois da saída de Chen da embaixada dos EUA em Pequim, onde ele buscou refúgio na semana passada depois de fugir da prisão domiciliar.

O incidente precedeu o início, nesta quinta (3), do 4º Diálogo Estratégico Econômico entre ambos os países, que será presidido por Hillary Clinton, que chagaria nesta quarta a Pequim. Desta reunião também participará o secretário do Tesouro, Timothy Geithner.

Lançado em 2009, o diálogo pretende ampliar a coordenação e comunicação em políticas macroeconômicas e aspectos da economia global, incluindo o impulso ao comércio, uma das áreas com frequentes tensões nas relações bilaterais. O encontro também deve analisar temas da agenda internacional, em meio a uma crescente presença militar do Pentágono na Ásia-Pacífico.

Ainda nesta quarta, Pequim e Washington promovem uma rodada de diálogo militar. Nos últimos meses, o presidente Barack Obama e seus adversários republicanos têm colocado Pequim cada vez mais no papel de antagonista na retórica americana. A China reclama do que vê, como aviões e embarcações espiãs dos EUA.

Com agências