A Febraban e a hora do cavalo beber água…

O relatório semanal da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) contrapôs-se, segunda feira (7) à pressão do governo federal pela redução das taxas de juros.

Assinado pelo economista-chefe da federação, Rubens Sardenberg, o relatório criticou às medidas recentes do governo contra os juros. "Alguém já disse que 'você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber água’”, diz o relatório. Sinalizava, assim, que a redução da taxa Selic pode não beneficiar ou chegar aos consumidores pois os bancos podem segurar o volume de empréstimos ou porque o consumidor pode não ir atrás desses recursos por estar endividado com os juros absurdamente altos cobrados pelos bancos.

Mais do que informar sobre a oscilação da taxa de juros, o relatório indica um provável desencontro, um bate-bate de cabeças no setor. Ontem (8), um dia após a divulgação do relatório, a Febraban desautorizou seu economista-chefe.

Não é a primeira vez, nestas semanas, que o país assiste a um desencontro semelhante. Depois do anúncio das medidas para baixar os juros, há um mês, o presidente da Febraban, Murilo Portugal, foi a Brasília, de salto alto, para uma reunião com a equipe econômica. Ele teve a cara de pau de apresentar uma lista de 23 reivindicações para que os bancos aceitassem reduzir os juros e saiu da reunião dizendo que “a bola estava com o governo”.

No dia seguinte, os grandes bancos privados anunciaram a queda nos juros, apesar da bravata do presidente da entidade que os representa. Ao mesmo tempo, o governo anunciou novas medidas em sua cruzada contra os juros, como as mudanças feitas na remuneração da caderneta de poupança.

Chegou a hora do cavalo beber água? Como disse um interlocutor próxima da presidente Dilma, “você não pode obrigar um cavalo a beber água, mas ele também pode morrer de sede”. Afinal, o poder de fogo dos bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) e do governo não é pequeno. Enquanto os bancos oficiais aumentaram sua participação no crédito de 19 para 21,4% do PIB, os bancos privado passaram de 18,4% para 19% e os estrangeiros de 7,8 para 8,4%.

Com informações da Rede Democrática