Manuela prevê campanha mais machista que já enfrentou 

Pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre (RS), a deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB) afirmou, aos cerca de 200 participantes da 2ª Conferência Estadual do PCdoB sobre a Emancipação da Mulher, que esta será a campanha mais machista de que já participou. "Vamos enfrentar, como já temos enfrentado, a campanha mais machista das minhas cinco eleições, mas nesta nós vamos ganhar. Porque nesta, nós estamos mexendo com os interesses de quem nos negou direito durante décadas", disse.

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"A gente tem que estar pronto para algo que vai ser baixo, porque o nível de quem tem negado muitos direitos à população não é alto", acrescentou.

A um público majoritariamente feminino, com a participação ativa de moradoras do bairro da Restinga, um dos mais carentes da capital gaúcha, Manuela lembrou a presidente Dilma Rousseff como exemplo de liderança e reconheceu a chegada de uma época em que as mulheres não serão chefes apenas da "porta para dentro", mas também da porta para fora.

A pré-candidata vestiu a simplicidade de um All Star e de uma calça jeans para denunciar a mistura de política e estética, o que só serviria a discursos que pretendem medir a capacidade das mulheres.

"Tudo o que a gente defende na tese vem para o mundo real com uma força muito grande no período eleitoral. Esses dias eu li que eu tinha o quadril inversamente proporcional ao cérebro. Vocês já viram falar da altura do prefeito de Porto Alegre? Da marca da gravata do prefeito de Porto Alegre? Do tamanho do pé do prefeito de Porto Alegre ou da falta de altura de candidato a prefeito?", questionou.

"Quando vão debater os atributos físicos dos meus adversários? Estou esperando ansiosa, porque também acho homem bonito ou feio. Sou deputada mas não deixei de ter bom gosto", completou a deputada.

“Qual é a ponte?”

Em alusão a críticas à aproximação com o Partido Progressista, da senadora Ana Amélia Lemos, a deputada respondeu que "guerra não resolve". "A grande inconformidade dos políticos é que é possível fazer um pacto entre a população e um partido sem esquemas no meio do caminho. Qual é a ponte? A ponte é a crença de que a cidade pode ser melhor. A ponte não é o esquema, não é o cargo, não é o compadrio", garantiu, acrescentando que isso "revolta muitos" que "ficam batendo boca" enquanto a população não é atendida em suas demandas.

O PCdoB, que teve diversos integrantes vitimados pela ditadura, deve reservar o candidato a vice da chapa em Porto Alegre para o PP, sigla herdeira da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido governista no regime militar. Em seu discurso na Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Manuela demonstrou que deve devolver na mesma moeda eventuais acusações de pragmatismo.

"Sou comunista, sim, porque ninguém me tira as minhas convicções. Eu nunca mudei de partido, quem mudou não fui eu. Tem gente que pula para o mais fácil a qualquer hora, não é o meu caso", sustentou.

"Nosso lado não é camaleão que se camufla na selva. O nosso lado é tigre branco, tigre que não dá para disfarçar. (…) Eu sou mulher, sou comunista, sou jovem e, desde os meus 16 anos, eu não dobrei a espinha a ninguém", afirmou a pré-candidata, antes de ser aplaudida sob uma festa de tambores.

Fonte: Portal Terra