Obrador passa governista e é segundo em pesquisa no México

Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira (14/05) pela empresa Buendia e Laredo e publicada pelo jornal mexicano El Universal coloca o candidato progressista Andrés Manuel Lopez Obrador em segundo lugar nas intenções de voto para a Presidência do país. Com 24,8%, o representante do PRD (Partido Revolucionário Democrático) ganhou 2,9 pontos percentuais em relação ao último levantamento, chegando a 24,8%.

Com esse percentual, ele ultrapassa a conservadora Josefina Vasquez Mota, do PAN (Partido da Ação Nacional), legenda do atual presidente Felipe Calderón, que caiu 4,5 pontos e soma agora 23,1%.

No entanto, os dois permanecem muito atrás do líder e favorito Enrique Peña Nieto, do PRI (Partido Revolucionário Institucional), que subiu meio ponto percentual e soma 49,6%. Gabriel Quadri, do PNA (Partido da Nova Aliança) está em uma distante quarta e última posição, com 2,5 pontos.

A eleição presidencial mexicana será realizada em turno único, no dia 1ºde julho. O eleito terá um mandato de seis anos sem direito à reeleição.

A pesquisa tem margem de erro de 3,5 pontos percentuais e entrevistou mil pessoas. Ela foi realizada entre os dias 7 e 10 de maio, logo depois do primeiro debate presidencial, realizado no último dia 6.

Na ocasião, Obrador foi considerado o vencedor da disputa, quando fez severos ataques ao representante priista: chamou-o de “uma criação (da rede de TV) Televisa” e “uma ferramenta de políticos mais velhos e corruptos do PRI (que permaneceu no poder do país durante sete décadas)”.

Compra de jornalistas

Denúncias dão conta de que Peña Nieto pagou 32 milhões de pesos mexicanos (ou aproximadamente 4,6 milhões de reais) por comentários favoráveis de jornalistas de grandes veículos de comunicação enquanto foi governador do Estado do México (2005-2011).

A denúncia estourou na última sexta-feira (11), no site do jornal Reforma, que publicou as faturas de pagamento do governo estadual classificadas como “apoios informativos”. Elas incluíam comentários e entrevistas com populares apresentadores de rádio pagos fora do orçamento destinado à publicidade oficial. Segundo o jornal, são destinados a comentários e entrevistas, e não spots formalmente contratados.

O total de spots em rádios durante seu período como governador foi de 52milhões de pesos (xxx reais), sendo que 62% (exatamente os 32 milhões relatados) correspondem a essas “menções”, sem atribuição para uma campanha de comunicação específica.

Segundo os dados publicados pelo jornal, a empresa Astron Publicidad cobrou 9,2 milhões de pesos (ou 1,3 milhão de reais) do Estado do México (que não inclui a capital do país) pelos “comentários de Joaquín Lopez-Doriga, transmitidos dentro de seu noticiário e no programa de Oscar Mário Beteta”, diz textualmente a fatura.

Lopez-Doriga é o apresentador do jornal noturno da Televisa, o de maior audiência do país. Outro pagamento, de 200 mil pesos (ou 29 mil reais) é destinado a Carolina Faure que, em 2006, cobrou por “apoio a informação e entrevistas” no programa “Reflexos da Mulher”.

Em sua defesa, o candidato afirmou, em entrevista de rádio, que os pagamentos não eram por comentários favoráveis, apenas para anúncios publicitários dentro do espaço da programação destes apresentadores.Em seu programa, Doriga afirmou que os espaços a que Peña Nieto se refere “são claros e identificáveis e sua comercialização é totalmente transparente” e que as emissoras de rádio “têm muitos esquemas para a venda de publicidade aos setores público e privado”.

Vaias

No mesmo dia, o candidato passou por outra polêmica. Durante uma visita à Universidade Iberoamericana, na capital do país, ele foi recebido com vaias pelos estudantes, que o recepcionaram usando máscaras de Carlos Salinas (ex-presidente e que é acusado de ser o principal financiador de sua campanha), com gritos de “Fora! Fora!”.

Ele também foi questionado pelos estudantes pelo “Massacre de Atenco”, ocorrido em 2006, durante sua administração na cidade de San Salvador Atenco, próxima à capital. Na ocasião, o então governador ordenou uma violenta repressão policial durante protestos populares.

Dois jovens foram mortos, e foram registradas diversas violações aos direitos humanos. Diversas mulheres denunciaram terem sido vítimas de abuso sexual por forças policiais, incluindo duas jornalistas espanholas que foram deportadas imediatamente.

Em sua defesa, o candidato respondeu: “Foi uma decisão que assumo pessoalmente para restabelecer a ordem e a paz. O fiz em nome da força legítima do Estado”. Sobre os gritos de “assassino” e “feminicida”, ele não mais conseguiu terminar seu discurso e teve de sair pela porta dos fundos da instituição.

Ao entrar em seu carro, Peña Nieto afirmou que os protestos não eram legítimos. Depois, aliados priistas insinuaram que o protesto teria sido orquestrado por militantes em apoio a Andrés Manuel López Obrador, do PRD (Partido da Revolução Democrática). No entanto, diversos estudantes apareceram em vídeos na internet mostrando suas carteirinhas e afirmando que participaram da manifestação por vontade própria.

Na semana passada, o Wall Street Journal, em um artigo intitulado “Polêmica no debate presidencial do México” denunciou a existência de um acordo entre as redes de TV para favorecer Peña Nieto. Advogado de 45 anos, ele é casado com a atriz Angélica Rivera, uma das estrelas das novelas da Televisa.

Com Prensa Latina