É preciso garantir o empoderamento da enfermagem, diz deputada

O empoderamento da enfermagem através de representação no Poder Legislativo e um estudo sobre assédio moral foram algumas das propostas apresentadas durante o ciclo de debates sobre Enfermagem e Políticas de Gênero, que aconteceu nesta quarta-feira (16), no Conselho Estadual dos Direitos da Mulher – CEDIM.

O evento, organizado pelo Mandato da deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB/RJ) em comemoração a 73ª Semana Brasileira de Enfermagem, teve como palestrantes o presidente ABENFO Nacional, professor Valdecyr Herdy Alves; a diretora da Casa de Parto David Capistrano, Leila Azevedo, e a professora e psicóloga Terezinha Martins dos Santos Souza. Para encerrar, uma confraternização com a apresentação do Grupo Maria da Penha, formado apenas por mulheres.

“Acolhemos as propostas apresentadas. O empoderamento da enfermagem faz parte do projeto político parlamentar da enfermagem, que tem como objetivo defender a categoria e fortalecer as entidades. Com relação ao assédio moral, entraremos em contato com o Cofen para que o levantamento seja feito”, adiantou a Enfermeira Rejane.

O ciclo começou com o debate sobre “Violência Obstétrica”, tendo na mesa o professor Herdy, que denunciou a prática abusiva de cesariana. Segundo ele, 98% das mortes maternas no Brasil acontecem nos hospitais, onde não se cumpre, por exemplo, a lei n.º 11.108/2005, que garante as parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato no Sistema Único de Saúde – SUS.

“Toda mulher grávida tem direito a um acompanhante durante o parto. Estudos científicos comprovam que a presença de um acompanhante no parto traz diversos benefícios, como diminuir as taxas de cesárea, a duração do trabalho de parto, os pedidos de anestesia, além de ajudar a evitar a depressão pós-parto e influenciar positivamente na formação dos laços afetivos familiares”, afirmou a deputada Enfermeira Rejane, que mediou o debate.

A diretora da Casa de Parto David Capistrano, Leila Azevedo, que também fez parte da mesa, relatou as dificuldades enfrentadas pela equipe, composta de enfermeiras obstétricas, técnicos e auxiliares de enfermagem, nutricionistas, assistentes sociais e profissionais que orientam sobre saúde bucal, salientando que não existem médicos na Casa.

“A Casa de Parto foi fundada em 2004 e, na época era gerenciada por um médico. Dois anos depois, ficamos à frente, provando que temos competência e somos mulheres de luta. E é isto que cada uma de nós tem que entender. A enfermagem é uma categoria basicamente feminina, que perpassa por todos os níveis. Temos que estar atentas: sem poder não temos visibilidade, não somos ouvidas”, disse Leila Azevedo, defendendo a presença da enfermagem nos poderes Legislativo e Executivo como forma de garantia e conquistas de direitos para a categoria.

Na parte da tarde, o tema foi “Assédio Moral na Enfermagem – uma questão de gênero?”, coordenado pela enfermeira Cristiane Bernardes e tendo como expositora, a Terezinha Martins. De acordo com a psicóloga, assédio moral é a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações de humilhações repetitivas e prolongadas, ligadas ao trabalho e/ou ao exercício de suas funções. Terezinha afirmou que pesquisas apontam para o aumento no número de casos de assédio moral no Brasil, em especial a enfermagem, o que significa um verdadeiro atentado contra a saúde e os direitos dos trabalhadores:

“O assédio moral é uma degradação deliberada das condições de trabalho, envolve repetição no tempo e não se constitui como fato isolado e fortuito, mas dotado de intencionalidade. Envolve poder, isto é, alguém que detém o poder objetivo nas mãos – seja o poder de demitir, transferir de local de trabalho, perseguir –, utiliza gestos, não necessariamente obscenos, mas vexatórios e humilhantes sobre um trabalhador ou grupo de trabalhadores, que são hierarquicamente subordinados a essa pessoa”, relatou.

Estiveram presentes ao ciclo de debate, a presidente do Cedim, Angela Fontes; presidente da ABEN-Rio, Sônia Alves; a superintendente de Maternidade da Prefeitura do Rio, Suzane Menezes, a superintendente Geral de Atividades Fora da Sede do Campus da UFRJ e conselheira do Coren-RJ, Maria Antonieta Rubio Tyrrell; a presidente estadual do PCdoB, Ana Rocha, e a presidente do diretório municipal do Rio, Sônia Lagté.

Fonte: Assessoria do gabinete da deputada estadual Enfermeira Rejane