Ipea diz que baixo crescimento permite reduzir juros sem inflação

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta quinta-feira (17), em Brasília, afirma que “é possível utilizar a fase de baixo crescimento econômico induzida pela crise internacional para reduzir o nível da taxa Selic sem comprometer o controle inflacionário”.

A conclusão faz parte do Comunicado sobre Efeitos Assimétricos da Política Monetária sobre Inflação e Crescimento no Brasil: Diferenças conforme a Fase do Ciclo Econômico e a Direção e Magnitude de Choques nos Juros. Os dados foram obtidos para o período de 2003 a 2010, mas o Ipea explica que considerando que a economia brasileira não sofreu transformações intensas desde então, tem-se um resultado importante para a operação da política monetária atual.

“Os resultados obtidos mostram que, em regimes de baixo crescimento, reduções da taxa Selic não teriam custos inflacionários consideráveis. Ou seja, fases recessivas da economia brasileira poderiam ser aproveitadas para reduzir a taxa sem levar a uma aceleração inflacionária”, avalia o estudo, indicando que o momento atual é ideal para a redução da taxa básica de juros, como vem ocorrendo.

O estudo, apresentado pelo coordenador de Economia Monetária e Câmbio do Ipea, Thiago Martinez, mostra que as respostas do crescimento da produção industrial e da inflação a choques na taxa de juros são diferentes conforme o ritmo de crescimento da economia e a direção e o tamanho do choque na Selic.

Segundo o Ipea, a inflação e crescimento da produção industrial respondem pouco a choques contracíclicos nos juros e muito a choque pró-cíclicos. Isso significa que, em fases de baixo crescimento da economia, a taxa básica de juros (Selic) pode ser reduzida sem acelerar a inflação.

O estudo demonstra ainda que “choques monetários expansionistas afetam bastante produto e preços quando o crescimento econômico é considerado normal e pouco no regime de baixo crescimento; choques monetários contracionistas impactam bastante produto e preços quando o crescimento do produto é baixo e pouco se o crescimento é normal. Ou seja, choques pró-cíclicos têm grande impacto sobre o produto e a inflação, enquanto os choques contracíclicos afetam pouco essas duas variáveis”.

De Brasília
Márcia Xavier