Clamor artístico pelos Cinco Heróis cubanos

A arte percorreu o Reino Unido para abrir o caminho à verdade sobre o caso dos cubanos presos nos Estados Unidos desde setembro de 1998 por ações para evitar ações terroristas planificadas ali contra sua terra natal.

Por Bianka de Jesu,s em Prensa Latina

Um grupo de 26 pintores da nação caribenha e 20 de outros países uniram suas obras na mostra "Para além do marco", para chamar a atenção sobre o caso dos Cinco, como internacionalmente são conhecidos Antonio Guerrero, Gerardo Hernández, Fernando González, Ramón Labañino e René González. Os primeiros quatro cumprem severas penas de cárcere por defender seu país de atos criminosos, a imensa maioria deles perpetrados a partir dos Estados Unidos, com saldo de mais de três mil mortos e mais de dois mil mutilados.

Enquanto, René foi libertado em 7 de outubro último, agora enfrenta uma condenação adicional de três anos sob liberdade vigiada, medida que lhe impede regressar ao seu país.

A Gallery 27 de Londres foi o espaço escolhido para iniciar a travessia da exposição por terras britânicas entre 23 de abril e 13 de maio passados.

À abertura assistiram familiares dos antiterroristas, a embaixadora cubana em Londres, Esther Armenteros, diplomatas de outros países latino-americanos, o ator estadunidense Danny Glover e o poeta britânico Benjamin Zephaniah, entre outras personalidades.

Desenhos e pinturas de Antonio e Gerardo integraram a coleção pictórica, composta por 50 peças e considerada como a maior de artistas do país antilhano que se tenha mostrado alguma vez no Reino Unido.

"Chamamo-la Para além do marco, porque propomos uma ruptura com o tradicional e reconhecemos que Os Cinco foram marcados pelo governo estadunidense", disse Dodie Weppler, que coordenou o evento junto ao grupo de solidariedade com Cuba no país europeu.

Destacou que Antonio aprendeu a desenhar e pintar em um cárcere do estado de Colorado com a ajuda de um colega de cela e trabalha com aquarelas e nanquim.

"Seus últimos temas registram aves exóticas e borboletas, e escreveu que através da arte tem vencido a prisão", disse a especialista em arte cubana.

Gerardo -agregou Weppler- era desenhista antes de sua detenção e a caricatura segue sendo sua especialidade.

Segundo o grupo de solidariedade com Cuba, muitas das obras foram vendidas no dia da inauguração e os fundos ajudarão a financiar outras iniciativas a favor dos Cinco.

Entre os artistas cubanos que participaram na exibição figuraram Kcho, Manuel Mendive, Choco, José Fuster, Juan Roberto Diago, Lesbia Vent Dumois e Juan Vicente Rodríguez Bonachea.

Pela parte internacional estiveram presentes os trabalhos dos britânicos John Keane, Graciosa Hatoum, Alasdair Gray, Derek Boshier, John Byrne, David Harding e o desenhista do The Guardian Steve Bell, além do coletivo Kennardphillipps.

Como atividade colateral da mostra na galeria londrina, Mirta Rodríguez e Maria Eugenia Guerreiro -mãe e irmã de Antonio- atualizaram os sindicalistas britânicos sobre o caso dos Cinco.

Ambas expressaram ao jornal Sunday Herald sua admiração e beneplácito pela cálida acolhida do evento entre o público desse país e a repercussão em influentes meios de comunicação como os jornais The Guardian, Morning Star e a rede BBC.

Nessa entrevista detalharam as irregularidades no processo judicial contra os antiterroristas, as restrições de visto aos familiares para visitá-los em prisão e fizeram questão de consolidar a solidariedade e reclamo global por sua libertação.

"Precisamos apresentar outra demanda, (…) mas a pressão internacional pode ser um fator determinante, por exemplo, na arte não há barreiras", disse Maria Eugenia.

Para além do marco também se apresentou durante um dia mas com igual sucesso no centro Anthony Burgess de Manchester, na Inglaterra, dantes de viajar à galeria O Faro da cidade escocesa de Glasgow.

Nesta última cidade encontrou uma ampla aceitação nos círculos sociais, mas também achou o respaldo da cúpula política.

O Parlamento da Escócia dedicou uma sessão especial a Cuba para dar as boas-vindas à compilação e debater a situação dos Cinco, algo visto aqui como um fato sem precedentes.

A deputada do Partido Trabalhista Elaine Smith apresentou ante esse órgão uma moção -assinada também por outros 11 colegas- em apoio à causa dos lutadores.

Durante seu discurso, qualificou de injustas as longas penas impostas a esses homens e considerou que Washington os utiliza como "peões de seu jogo político" contra as autoridades de Havana.

A legisladora também aludiu ao bloqueio econômico, financeiro e comercial que os Estados Unidos mantêm sobre a Ilha durante meio século, a oposição universal a essa política coercitiva e os danos diretos que causa ao povo da Ilha.

Em sua opinião, essa medida é "um vestígio da Guerra Fria que deve terminar no lixo da história" da humanidade.

Em similares termos falou a deputada do Partido Nacional Escocês, Sandra White, ao exaltar os avanços cubanos nos setores de educação e saúde apesar do recrudescimento dessa política, imposta com o objetivo de asfixiar economicamente essa nação.

Os trabalhistas Hugh Henry e Neil Findlay também destacaram os valores de internacionalismo, solidariedade e cooperação da Ilha com o resto do mundo, depois de coincidir em que o bloqueio constitui uma atitude irracional e inconsciente da Casa Branca.

O debate -difundido ao vivo pelo programa Democracy Live da BBC- fechou com um chamado a fomentar os vínculos nas áreas educativas, culturais e econômicas entre Escócia e Cuba.

Contou, também, com a presença da embaixadora de Havana, familiares dos Cinco e Rob Miller, diretor da campanha de solidariedade com a Ilha na Escócia.

O antiterrorista Gerardo Hernández agradeceu em uma missiva essa e todas as mostras de apoio que os escoceses têm oferecido a ele e seus colegas desde o início de suas condenações.

Para além do marco fez parte da campanha mundial de solidariedade com Os Cinco orientada a romper o muro de silêncio nos grandes meios de comunicação e somar novas vozes a favor de sua libertação imediata e incondicional.

Centenas de personalidades, incluído 11 Prêmios Nobel, exigem à Casa Branca terminar com essa situação e sacar à luz as evidências que provam o verdadeiro propósito humanitário de suas atividades no território estadunidense.