Falta investimento para combater uso de drogas por crianças

Eles estão sempre lá. Você pode não vê-los, pela baixa estatura, ou quando os enxerga pode desviar o olhar para não mirá-los, evitando desgosto ou aquela sensação de impotência diante das mazelas da infância perdida para o crack, em plena capital federal.

O “Jornal de Brasília” foi às ruas para entender os gargalos da falta de auxílio a crianças e adolescentes dependentes químicos. E ainda esclarecer as causas do contingenciamento de recursos para manutenção da rede de garantia de direitos da infância. Enquanto isso, conselhos tutelares amargam a falta de equipamentos básicos para o trabalho de apoio às vítimas do crack.
A falta de orçamento que enfraquece o impacto de ação dos conselhos também leva à falta de locais para encaminhamento dos meninos e meninas pela rede social dos Centros de Referência e Assistência Social (Cras). O problema tem origem direta nas falhas burocráticas de governo para direcionar orçamento.
Dinheiro não chega onde devia
Relatório Anual de Atividades do Fundo Antidrogas do DF 2011 demonstra que dos R$ 2,2 milhões autorizados para assistência a dependentes químicos no DF, somente R$ 8 mil foram empenhados, ou seja, aplicados na prática. Já os recursos para manutenção dos conselhos tutelares foram dotados inicialmente de R$ 3,1 milhões, mas só R$ 827 mil chegaram à ponta.
A Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejus) informou que uma sindicância foi realizada para a análise da situação. Mas até o fim desta edição, não apresentou justificativa para a não aplicação dos recursos.
Sempre lotado, o Adolescentro, localizado na Asa Sul, é o único centro de atendimento com psicólogos e acompanhamento familiar. É preciso esperar mais de uma semana para marcar as primeiras consultas. Sendo o crack tão devastador, a demora pode ser crucial para uma solução.