Silêncio de Cachoeira não vai calar CPMI, avalia relator

O contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlos Cachoeira, se valeu nesta terça-feira (22), do direito constitucional de não produzir provas contra si mesmo. Ele permaneceu calado durante a sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações obscuras que ele mantinha com agentes públicos e privados. O relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que o silêncio de Cachoeira não vai “calar” ou “impedir” os trabalhos da CPMI.

“Quem cala, consente. Quando ele vem aqui e não fala, aumenta a tensão e as informações sobre ele acabam sendo verdadeiras. O silêncio do contraventor não vai calar a comissão. A estratégia de defesa não inviabiliza os trabalhos da CPMI. Nós temos determinação clara, instrumentos variados para garantir que a investigação prossiga”, avaliou Odair Cunha.

O relator disse que a comissão vai analisar uma nova convocação para ouvir o contraventor, mas, segundo Odair, não há garantia que Cachoeira fale na próxima oitiva. Ele argumentou que não se pode esperar “que um chefe de quadrilha, um bandido bem informado, bem orientado pelos seus advogados, fale em um depoimento que o incrimina”. Odair Cunha declarou que muitos questionamentos não foram feitos “para não dar o ouro ao bandido”.

Quebra de sigilo

A CPMI determinou, na semana passada, a quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico de 36 pessoas e empresas envolvidas no esquema do contraventor Cachoeira. Entre as quebras de sigilos aprovados estão os da empresa Delta Centro-Oeste e seu ex-diretor, Cláudio Abreu. Odair Cunha adiantou que a comissão pode aprovar na reunião administrativa do próximo dia 5 de junho, a ampliação da quebra de sigilo para a empresa Delta Nacional.

Segundo o relator, há “forte” indício de que os diretores da Delta Nacional tinham conhecimento da movimentação bancária e do envolvimento do diretor da Delta Centro-Oeste com o bicheiro Carlos Cachoeira. “Podemos afirmar que Cláudio Abreu movimentava conta da Delta Nacional. Ele era o procurador, logo, para fazer isso, era preciso conivência, participação de diretores nacionais”, argumentou Odair Cunha.

Fonte: Informes PT