Países da Alba abandonam tratado de "defesa mútua" da OEA

Bolívia, Equador, Nicarágua e Venezuela renunciaram, nesta terá-feira (5), ao Tratado Interamericano de Assistência Recíproca, o Tiar. A decisão significa que abandonam o acordo de proteção mútua nas Américas adotado há 65 anos. De Caracas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, propôs a criação de mecanismos latino-americanos que contribuam para fortalecer a unidade e a integração da região

Rafael Corrêa e Evo Morales foram impedidos de disputar eleições em seus países l Foto: Efe

As declarações foram dadas no último dia da realização da 42ª Assembleia Geral da OEA realizada em Cochabamba, na Bolívia.

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"Nossos países tomaram a decisão de enterrar o que merece ser enterrado e de jogar no lixo o que já não presta", declarou o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño.

O ministro discursou à imprensa ao lado de seus colegas da Bolívia, David Choquehuanca, e da Venezuela, Nicolás Maduro, além do representante da Nicarágua na OEA, Denis Moncada, durante uma pausa da 42ª Assembleia Geral do organismo, realizada em Cochabamba. Os quatro países são membros da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas), formada também por Cuba, Antígua e Barbuda, Dominica e São Vicente e Granadinas.

Patiño recordou que o Tratado Interamericano de Defesa Recíproca foi criado por iniciativa dos Estados Unidos com o propósito de uma defesa coletiva diante de uma agressão bélica extracontinental a qualquer um dos integrantes.

Adotado em 1947 no Rio de Janeiro, também conhecido como Tratado do Rio, o Tiar estabelece que um ataque contra um país-membro do pacto será considerado um ataque contra todos.

“O movimento mais importante deveria ter sido usado na época do ataque (britânico) às Ilhas Malvinas, mas não foi aplicado. Um dos países, inclusive, respaldou o agressor”, disse Patiño, referindo-se aos EUA.

Ele acrescentou que o abandono do tratado "é fundamental para limpar o lixo desta instituição, desta organização da OEA que, como alguns presidentes já disseram, tem a obrigação de se reinventar, de se transformar". "O Tiar já não tinha nenhum sentido. Estava morto, estava apodrecendo sem ser sepultado. Consideramos necessário dar passos para essa sepultura", acrescentou.

Chávez

Fora do encontro, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, propôs a criação de mecanismos latino-americanos que contribuam para fortalecer a unidade e a integração da região, depois de advertir que, “se a OEA não mudar , é preciso acabar com ela”.

“Para que a OEA e para que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)? Vamos criar nossos mecanismos nestes espaços geopolíticos de unidade e de integração que estão nascendo como a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac)”, afirmou Chávez, do Palácio de Miraflores, à televisão estatal.

Com Ópera Mundi e O Globo