Após 12 mil mortos, Karzai proíbe ataques em zona residencial

O presidente afegão, Hamid Karzai, anunciou nesta terça-feira (12) que os bombardeios das forças da Otan nas áreas residenciais civis "estão completamente proibidos", inclusive no caso das tropas estrangeiras serem objeto de ataque. Em 2011, 3.021 civis morreram devido à agressão no país. A declaração veio um pouco tarde e ainda não se sabe se surtirá efeito.

"Se fazem isso, que o façam em seus próprios países. Por que no Afeganistão? Está absolutamente proibido", declarou Karzai em entrevista coletiva no palácio presidencial. Nos Estados Unidos há operações policiais todos os dias em várias localidades. Lá não chamam um avião para bombardear o lugar", argumentou.

O líder afegão acrescentou que no caso de haver um incidente que afete as tropas internacionais, "um bombardeio aéreo de apoio não pode ajudar".

As declarações de Karzai foram feitas depois que, na semana passada, a Otan matou 18 civis que estavam próximos ao local de uma operação armada contra insurgentes, na qual a organização usou força aérea contra uma casa na província de Logar, região central do país.

Após o incidente, Karzai se reuniu com o embaixador dos EUA no Afeganistão, Ryan Crocker, e com o chefe da missão da Aliança Atlântica no país (Isaf), John Allen, e o organismo militar concordou em "restringir" esse tipo de ação aérea.

As vítimas civis foram um dos principais pontos de atrito entre Cabul e a comunidade internacional na guerra, que já dura mais de uma década desde a invasão dos EUA no final de 2001.

Karzai pediu em março à Otan que "abandonasse as aldeias" do Afeganistão e "permanecesse em suas bases", exigindo, em dezembro, o fim dos operacionais noturnos, após dois episódios que causaram a morte de civis afegãos.

Segundo a ONU, os 3.021 civis que morreram em 2011 devido ao conflito no país asiático representam o número mais alto desde que o organismo começou a registrar esse tipo de dado, há cinco anos.

Desde 2007, mais de 12 mil civis perderam a vida por ataques aéreos dos Estados Unidos e da Otan e nas operações noturnas que realizam, bem como por explosivos colocados em estradas e outros estabelecimentos militares nesta nação islâmica centro-asiática.

Com Efe