Contra a censura, Conselho da Revista de História pede demissão
Os membros do conselho editorial da Revista de História, ligada à Biblioteca Nacional, fizeram nesta segunda-feira (11) um pedido de demissão coletivo. Eles discordaram da censura praticada pela Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin) nos textos da Revista e da ingerência do seu presidente Jean-Louis de Lacerda Soares.
Publicado 12/06/2012 16:47
O início da crise aconteceu há três meses, quando o Conselho discordou da demissão de um repórter e um editor que publicaram uma resenha do livro “A privataria tucana”, de Amaury Ribeiro Jr. Publicado em 24 de janeiro, o texto era do jornalista Celso de Castro Barbosa e foi alvo críticas de tucanos, que ameaçaram processar a publicação.
Depois da pressão, a revista retirou a resenha do ar. Em entrevista na época, o jornalista reclamou que foi “censurado e injuriado”. Depois de embates públicos, tanto o jornalista, quanto o editor Luciano Figueiredo foram demitidos em atitude isolada de Jean Louis de Lacerda Soares, contra a opinião do Conselho.
O Conselho que se demitiu era composto por historiadores como Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras, Laura de Melo e Souza, professora titular da USP, e Lília Moritz Schwarcz, também professora da USP. Em nota divulgada, eles alegaram interferência na publicação por parte de Jean-Louis de Lacerda Soares, presidente da Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin), administradora dos recursos da revista.
Os demissionários já haviam ameaçado tomar essa atitude quando Luciano Figueiredo foi demitido em março. Em carta, o grupo diz que a Sabin teria a tarefa de apenas administrar os recursos da revista e produzi-la, mas Lacerda Soares “arrogou-se o direito de demitir e contratar o editor e de vetar nomes para o Conselho”.
Os integrantes do conselho acusam a Sabin de ter virado “proprietária e controladora” da revista e dizem não aceitar “esta subordinação que lhe tira a autonomia necessária para dirigir uma revista séria e de qualidade.” A carta foi entregue ao presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Dr. Galeno Amorim.
Da redação em Brasília