Venezuela: cenário eleitoral está claro e definido

Terminaram as dúvidas, acabou a incerteza: o cenário político venezuelano está hoje mais claro e definido, depois do discurso de três horas pronunciado nesta segunda-feira (11) pelo presidente Hugo Chávez.

Alfredo G. Pierrat na Prensa Latina

Em uma jornada que seguramente será lembrada por muito tempo, o mandatário compareceu, acompanhado por "um mar de povo", à sede do Conselho Nacional Eleitoral para formalizar seu registro como candidato à reeleição nas eleições presidenciais de 7 de outubro próximo.

Depois de cumprir as exigências legais, Chávez falou para a multidão que se concentrava na Praça Diego Ibarra, e explicou os eixos principais de seu plano de governo para o período 2013-2019, que servirá de base para o segundo Plano Socialista da Nação.

Até poucos dias antes, os líderes oposicionistas apostavam que Chávez não iria pessoalmente ao Conselho Nacional Eleitoral para formalizar sua inscrição porque estaria fisicamente impedido de fazê-lo e que o faria pela Iternet ou iria apoiado numa bengala ou numa cadeira de rodas.

A ilusão da oposição foi efêmera e o próprio Chávez se encarregou de demonstrar que a recuperação de sua saúde não é uma palavra de ordem nem um estratagema, mas uma realidade claramente verificável que os milhões de venezuelanos que acompanharam seu discurso na praça ou pela televisão em todo o país puderam perceber.

O presidente se mostrou enérgico e forte durante as quase três horas de discurso, em que intercalou canções e suas habituais referências a documentos do Libertador, Simon Bolívar, para argumentar sobre suas propostas de governo.

Mas não só as dúvidas sobre a saúde do chefe de Estado desapareceram, ao menos para os que ainda tinham essas dúvidas.

Em contraste com a opacidade do discurso e a total ausência de linhas programáticas mostrada no último domingo pelo principal candidato da oposição, Henrique Capriles Radonski, ao cumprir também os trâmites legais do registro da candidatura, o mandatário pôs todas as cartas sobre a mesa.

De início, se comprometeu – uma vez mais – diante dos diretores do CNE e de todo o país, a respeitar os resultados eleitorais de 7 de outubro, sejam quais forem, algo que até agora os líderes da oposição não quiseram fazer, em uma atitude mais do que suspeita.

Diversas figuras dos partidos que apoiam o presidente denunciaram as supostas intenções de setores da cúpula oposicionista de manter o caminho da violência como uma opção viável em caso de uma nova derrota nas urnas, um resultado que, por outro lado, é previsto pela maioria das pesquisas.

Chávez advertiu novamente para essa possibilidade em seu discurso desta segunda-feira diante do povo reunido na praça ao expressar que “sempre estou recordando aos que nas fileiras da oposição se aproveitam da conjuntura eleitoral para tratar de desestabilizar o país e gerar violência, para logo pedir uma intervenção, que é melhor que não tentem fazer isso, porque se arrependerão para sempre".

Para o líder indiscutível da maioria dos venezuelanos, é vital ganhar as eleições presidenciais de outubro, pois é a única maneira de continuar e desenvolver o processo de reformas políticas, econômicas e sociais iniciado em janeiro de 1999.

Por isso, segundo explicou, o primeiro grande objetivo histórico contido no programa de governo que entregou ao CNE é "defender, expandir e consolidar o mais valioso bem que conseguimos agora quando começa o século 21. Esse bem mais precioso não é outra coisa que a independência nacional e a pátria".

Com seu habitual estilo didático ao dirigir-se aos venezuelanos, o presidente recordou a sua multitudinária audiência uma célebre frase pronunciada por Simon Bolívar em Angostura, em 1819.

O sistema de governo mais perfeito será aquele que proporcione a seu povo a maior soma de segurança social, a maior soma de estabilidade política e a maior soma de felicidade, disse o Libertador.

Para Chávez, só é possível conseguir isso com o socialismo, por isso o segundo grande objetivo de seu programa é continuar construindo o socialismo do século 21 na Venezuela.

Alguém neste mundo crê que o sonho de Bolívar de criar a maior soma de felicidade social, a maior soma de felicidade política e a maior soma de felicidade possível, seria realizado no capitalismo? Não. No marco do capitalismo o que se produz é a maior soma de infelicidade para as maiorias, expressou o mandatário.

Em contraste, realçou que o socialismo é o único caminho para alcançar a maior soma de felicidade possível, pois se fundamenta no amor, no humano, no social, na justiça.

Depois dessas afirmações, ficaram dissipadas todas as dúvidas e todos já sabem ao que se devem ater.

Tradução da Redação do Vermelho