Deputada sugere: demarcar terras reduz violência contra indígenas

O modelo predador de desenvolvimento, a omissão do poder público controlado por oligarquias locais e a disputa pela terra causam a violência crescente no campo. Esse é o resultado do relatório “Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil”, lançado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em Brasília. E foi apresentado pela deputada Janete Capiberibe (PSB-AP) no plenário da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (13).

A deputada pediu ação do poder público e sugeriu: “Demarcar e homologar terras reduz a violência, promove a dignidade. É urgente reparar os danos e garantir os direitos constitucionais desses brasileiros que estão sendo assassinados”.

Segundo o relatório, em 2011, 51 índios foram assassinados no país. Entre 2003 e 2011, 503 foram mortos. “Em cada estado você tem uma elite dominante que tem acesso aos poderes, essas elites são as que querem se apossar de todas as terras e acobertar as ações ilegais”, afirmou Lúcia Helena Rangel, antropóloga, coordenadora do Relatório de Violência, professora da PUC/SP e assessora antropológica do Cimi.

Para o secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, a violência contra os povos indígenas “tem aumentado por conta do assim chamado desenvolvimento que não respeita o irmão, a irmã. O Cimi vive um momento de testemunha da dor, do sangue, da cruz dos nossos irmãos”. Ele disse que tem esperança de que o relatório sirva para “acordar a sociedade, acordar o governo para os problemas que vivem os povos indígenas”.

O relatório registra uma taxa de homicídios no Mato Grosso do Sul maior que no Iraque, aponta o documento. O estado do Amazonas lidera a lista dos assassinatos com 14 mortes. O documento ainda traz um dado alarmante: entre 2000 e 2011, foram registrados 555 suicídios de índios no Mato Grosso do Sul, estado da maior etnia do país, a Guarani Kaiowá. A incidência maior está entre jovens de 14 a 18 anos e adultos entre 21 e 30 anos.

São 817 mil índios, cerca de 0,4% da população, distribuídos entre 688 terras e algumas áreas urbanas que ocupam 13% do território nacional.

Com informações da Ass. Dep. Janete Capiberibe (PSB-AP)