Paraguai: governo e campesinos buscam solucionar conflitos

Representantes do governo paraguaio e organizações campesinas se reuniram nesta segunda-feira (18) em Curuguaty, departamento de Canindeyú (sudeste do país), onde na sexta-feira (15) houve enfrentamentos entre campesinos e policiais nas instalações de uma fazenda, propriedade do político colorado Blas Riquelme, que deixou pelo menos 19 mortos, 11 campesinos e oito policiais.

O chefe do gabinete presidencial, Miguel López, e a ministra da Saúde, Esperanza Martinéz, representaram o governo de Fernando Lugo.

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López assegurou que foram pessoas estranhas aos campesinos ocupantes das terras que provocaram o enfrentamento logo após confirmar que as armas de grosso calibre utilizadas não foram usadas pelos campesinos.

Ainda assim, o ministro do Gabinete Presidencial confirmou que recebeu denúncias sobre feridos torturados e menores detidos durante procedimentos policiais na fazenda e anunciou a confirmação de uma comissão investigadora da eventual violação dos direitos humanos.

Por sua parte, a ministra da Saúde anunciou que se pronunciará para facilitar a ajuda destinada às crianças e outros familiares dos campesinos falecidos, incluindo o fornecimento de alimentos e assistência médica.

O fato teria acontecido quando um contingente de 200 policiais ingressou na fazenda Morumbí, pertencente a Blas Riquelme, um empresário e político do partido conservador paraguaio Colorado, para desalojar um grupo de campesinos.

O sindicato dos campesinos da zona informou que entre os falecidos está Avelino Espínola Díaz, conhecido dirigente da região.

Após o acontecido, o ministro do Interior, Carlos Filizzola, pôs seu cargo à ordem. O mandatário paraguaio nomeou então Rúben Candia Amarilla como novo ministro do Interior.

Os campesinos do sudeste do Paraguai levam anos na luta por uma repartição justa de terras. Eles denunciam que as terras mais ricas da nação se encontram no poder dos "brasiguaios”, brasileiros que compraram terras e se nacionalizaram.

Denunciam corrupção no Poder Judicial

O magistrado de Canindeyú, José Benítez, assegurou que realizará uma denúncia diante da superintendência da Corte Suprema de Justiça para que se dê o cumprimento do Artigo 242 do Código de Processo Penal e se possa tomar declaração de dois dos campesinos feridos no enfrentamento com a Polícia Nacional em Curuguaty.

Néstor Castro Benítez e Arnaldo Quintana Paredes foram feridos nos enfrentamentos com a polícia na sexta-feira (15). O juiz Benítez acusa Karina Mignarro e Vicente Rodríguez, funcionários do Poder Judicial, de não cooperar com o processo para dar cumprimento à disposição judicial.

Fonte: TeleSUR
Tradução: Adital