Marcha reúne 80 mil e manda recado à Rio+20 em defesa do planeta

A marcha unificada dos povos mobilizados pela Cúpula dos Povos reuniu 80 mil pessoas no centro do Rio de Janeiro (RJ) para chamar a atenção dos líderes reunidos na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, no distante RioCentro, sobre os danos do capitalismo ao meio ambiente e exigir desenvolvimento com sustentabilidade e soberania.

Movimentos como a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a União Brasileira de Mulheres (UBM), a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro) e a União da Juventude Socialista (UJS) marcaram presença. Pelo menos mil militantes ligados aos movimentos sociais e ao PCdoB engrossaram a maior passeata no país dos últimos tempos.

A concentração foi na Avenida Presidente Vargas com a Avenida Rio Branco, entre 14h e 15h. Depois, os manifestantes seguiram pela Avenida Rio Branco até a Cinelândia, no centro da cidade.
Os temas transversais também foram lembrados, como educação, saúde, moradia e mobilidade.

“Essa marcha representa a vontade dos povos de participar mais das grandes decisões sobre o nosso planeta e isso é uma pressão, uma influência positiva para que a cúpula dos chefes de Estado pensem bastante não no lucro e no capitalismo verde que quer extrair das populações e da biodiversidade do planeta. Representa a unidade entre esses povos que fazem um alerta sobre os perigos do capitalismo”, declarou ao Vermelho Daniel Iliescu, presidente da UNE, que também discursou durante a mobilização.

Outras lideranças dos movimentos presentes, como João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que enfatizou: “Não adianta a Globo esconder, não adianta a Record esconder, nós estamos aqui e todos estão vendo o barulho que estamos fazendo”, exclamou o líder sem-terra.

Para a Secretária Nacional do PCdoB, Lúcia Stumpf, este é um momento importante e decisivo da Cúpula para pressionar as decisões da Conferência da ONU.

“Os movimentos têm pressionado contra a economia verde, de mercado, ocuparam a Rio Branco, local histórico de grandes mobilizações, para reivindicar mais investimentos sociais e o fim do capitalismo verde para a construção de uma sociedade socialista. Foi uma demonstração de força importante dos movimentos brasileiros para a construção de uma agenda mais positiva nessa conferência e reforça o papel dos movimentos no Brasil a partir da articulação da Coordenação dos Movimentos Populares, das centrais sindicais, dos movimentos juvenil, comunitários, de mulheres, negros, de moradia, todos presentes na marcha”, destacou Lucia Stumpf, durante a marcha.

Sonia Latge, presidenta do PCdoB municipal no Rio, lembrou do protagonismo do carioca e da importância da manifestação de todos em um encontro internacional como a Rio+20.

“É importante que o povo se manifeste. É seu papel. A revolução se dará quando nos somarmos todos esses saberes e a energia que está nas rua. Hoje, não são somente os governos dos países desenvolvidos como os Estados Unidos que estão negociando, mas também Cuba, China, o Brics, esses países também estão dando as cartas e negociando no mesmo nível a questão da sustentabilidade e desenvolvimento", disse Sonia.

Ela reforçou que se trata de momento de propor soluções com soberania. "A crise do capitalismo é o cerne da questão. Estamos negando o capitalismo e mostrando que é possível construir novas nações para que cheguemos à paz mundial, a defesa do planeta e ao desenvolvimento humano pleno, com soberania, respeitando as diferenças entre os povos, entendendo a soberania como um socialismo planetário”, afirmou a presidenta do Partido no Rio de Janeiro.

Já a presidenta do Partido no estado do Rio de Janeiro, Ana Rocha, lembrou as grandes mobilizações que já aconteceram na Avenida Rio Branco.

“A presença maciça dos comunistas, do povo, é a volta com força às ruas dos movimentos sociais, agora em defesa do desenvolvimento sustentável, da soberania e da democracia. A Rio Branco revive grandes momentos de mobilizações e o Rio de Janeiro mais uma vez é a caixa de ressonância em defesa do povo e da democracia”, contextualizou Ana Rocha.

Com relação ao que a grande mídia hegemônica costuma veicular sobre manifestações de ruas, que só atrapalham a vida dos moradores e prejudica o trânsito na cidade, Ana Rocha rebateu: “O povo do Rio está entendendo a importância da manifestação, os taxistas sabem o que está acontecendo, e sabem que o fato de o Rio ser palco dessa grande manifestação é bom para o Rio e para seu povo e para o futuro da cidade. Essa quebra de rotina significa um futuro melhor e que a democracia acontecendo em nosso país”, finalizou a presidenta estadual do PCdoB.

Deborah Moreira, especial para o Vermelho, do Rio de Janeiro