Dilma: não tenho ódio por torturadores, mas não consigo perdoar
A presidenta da República, Dilma Rousseff, disse nesta sexta (22) que não tem qualquer sentimento pelas pessoas que a torturaram durante o regime militar. “Com o passar dos anos, o melhor foi não me fixar nas pessoas, nem ter por elas qualquer sentimento: nem ódio nem vingança, mas tampouco perdão", disse. A afirmação foi feita em entrevista coletiva, antes do encerramento da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
Publicado 22/06/2012 19:48

"Não há sentimento que se justifique contra esse ato. Há a frieza da razão. E a razão é não esquecer, por isso criamos a Comissão da Verdade. Odiar é ficar dependente. Isso não é bom sentimento. É preciso virar a página deste país”, disse.
“Algumas das figuras que me torturaram não tinham nomes verdadeiros. Há elucubrações. Agora, a questão não é o torturador. O torturador é um agente. Mesmo ele tendo a sua responsabilidade reconhecida depois do que aconteceu no julgamento dos crimes de guerra de Nuremberg, que aprovaram uma avaliação de que mesmo sendo mandado quem faz é responsável, eu não acho que seja o torturador o problema”, disse.
Para a presidenta o importante é que o país tenha conhecimento de que ocorreu a tortura e em que condições ela foi “estabelecida e operada”. “Nós todos sabemos em que condições foi operada. Ninguém aqui desconhece o que aconteceu neste país. E todos nós temos o compromisso de jamais deixar isso acontecer de novo”, afirmou.
No início da semana, os jornais "Correio Braziliense" e "Estado de Minas" publicaram reportagens que mostram depoimento dado por Dilma em 2001 ao Conselho Estadual de Direitos Humanos de Minas Gerais (Condedh-MG). No depoimento, Dilma relata as torturas que sofreu quando foi presa pelo regime militar.
Com agências