Mesmo com dinheiro, CEB não investe em melhoria dos serviços

A Companhia Energética de Brasília (CEB) tem a disposição cerca de R$ 480 milhões para investir na sua infraestrutura neste ano. É a maior previsão orçamentária já feita nos últimos tempos. Contudo, até a metade deste ano foram usados apenas R$ 37,9 milhões.

A falta de investimentos foi apontada no relatório de execução estatal, divulgado pela Comissão de Transparência e Controle Social da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
Os maiores investimentos da CEB este ano, segundo o documento, foram em amortização (extinção de débitos por meio de pagamentos periódicos) e encargos de dívida pública, que foram feitos somente em fevereiro e maio. Os demais meses não tiveram qualquer aplicação. Valores investidos diretamente em obras de expansão da rede elétrica ou em melhorias do sistema não apareceram na execução estatal deste ano.
Segundo o diretor de Engenharia da CEB, Mauro Martinelli, a companhia necessita que os processos de licenciamento ambiental sejam mais rápidos, para garantir uma agilidade maior nas obras. Negociar terrenos adequados para a construção de mais subestações também é outro dificultador. “Não é questão apenas de recursos financeiros. Depende de licenciamentos, liberação de áreas para construir, negociações com o GDF e respeitar os processos de licitação, que acabam parados por ações na Justiça, por exemplo”, pontuou.
Burocracia
Devido à morosidade do processo licitatório, Martinelli revelou que obras projetadas para iniciar este ano ainda não saíram do papel. Ainda assim, ressalta que os investimentos estão sendo implementados na rede elétrica do DF, e discorda dos números apontados pelo relatório de execução fiscal. “A informação que temos é de um investimento de R$ 54 milhões este ano. Há cerca de R$ 139 milhões aplicados em obras, com contratos fechados e em andamento desde o ano passado”, ressaltou o diretor.
Na avaliação de Martinelli, apesar de a situação financeira da companhia ainda não ser boa, foi possível iniciar várias obras em 2011, muitas de grande porte – chamadas de subtransmissão –, e com previsão de estarem concluídas este ano. “Estamos pagando os investimentos feitos nessas obras com os recursos previstos na tarifa do consumidor, pedindo financiamentos a instituições bancárias e à Eletrobrás – que tem uma taxa mais baixa que o BNDES – e vendendo terrenos da CEB não utilizados no serviço de distribuição elétrica”, informou.
Integrante da Comissão de Transparência e Controle Social da Câmara Legislativa, o deputado distrital Chico Leite (PT) afirmou que a entidade pretende acompanhar a execução da verba prevista à CEB este ano. “É esperado que no segundo semestre os investimentos sejam melhores. Nosso papel é fazer o acompanhamento dessa execução. O lado positivo é que esse foi o maior orçamento aprovado para a companhia”, declarou.
Em 2011, estavam previstos no orçamento provisório da CEB um total de R$ 331 milhões, mas foram usados R$ 110 milhões. No ano anterior, estavam previstos R$ 186 milhões, mais executaram pouco mais de R$ 82 milhões. A estimativa é que a empresa teria deixado de investir nos últimos três anos aproximadamente R$ 1,6 bilhão.