Egito: a tensão continua, apesar do anúncio da vitória de Mursi

Centenas de islamitas despertaram hoje, na praça Tahrir, no Cairo, sob a ressaca de uma noite de celebrações históricas, mas decididos a manter o protesto até que a Junta Militar reabra o Câmara dos Deputados, fechada na semana retrasada.

Praça Tahrir

Os partidários do presidente eleito Mohammed Mursi, em sua imensa maioria membros ou simpatizantes da Irmandade Muçulmana, exigem que o Conselho Supremo das Forças Armadas reabra a Câmara, que foi fechada em 15 de junho. Exigem também que sejam devolvidos ao próximo presidente da República os poderes que foram restringidos por uma recente emenda constitucional imposta pela Junta Militar, entre eles os poderes de legislar e tomar decisões fiscais e de defesa nacional.

Pela emenda decretada pala Junta, o novo presidente terá poderes limitados pois a Declaração Constitucional emitida pelos militares privaram o chefe da nação da condição de comandante em chefe do Exército que, para declarar uma guerra, por exemplo, precisará do aval das Forças Armadas.

Analistas preveem um período de incertezas devido à ausência da Constituição e do parlamento, ao mesmo tempo em que as decisões sobre impostos e sobre a redação da próxima Constituição foram atribuídas ao Conselho Supremo das Forças Armadas por aquela Declaração.

Mursi, cujo primeiro discurso após a proclamação de sua vitória eleitoral teve um tom conciliador para com o Exército, já anunciou que jurará o cargo perante o parlamento, por ser o único órgão eleito democraticamente. A cúpula militar havia decidido, porém, que o chefe de Estado receberia a faixa presidencial perante os magistrado da mais alta corte do país, os mesmos que tomaram as decisões que justificaram o fechamento do Câmara dos Deputados eleita entre novembro de 2011 e fevereiro de 2012, nas quais a Irmandade Muçulmana alcançou a maioria parlamentar. Para o Partido Liberdade e Justiça (PLJ), braço político da Irmandade Muçulmana (que foi dirigido por Mursi até ontem; ele também renunciou à militância na Irmandade Muçulmana) prestar juramento perante aquela corte significaria uma aceitação tácita da legitimidade das emendas constitucionais restritivas dos poderes do presidente, e também da dissolução do parlamento.

Por enquanto, a praça Tahrir continua repleta de barracas com cartazes e fotos reivindicadndo o poder aos islamitas e aos chamados grupos revolucionários que encabezçaram as revoltas do ano passado contra Hosni Mubarak.

No momento em que Mursi inicia as consultas para formar sua equipe e guarda presidencial, assim como a vice-presidencial e o governo que, adiantou o presidente eleito, incluirá as diferentes forças e partidos políticos, o PLJ garante que será um governo de salvação nacional.

Com informações da Prensa Latina