Quando o mundo mais olhou para a China

Considerando a proximidade dos Jogos Olímpicos de Londres, é inevitável recordar o campeonato anterior, talvez a ocasião na qual o mundo mais olhou para a China, sobretudo sua capital.

Por sua cultura milenar e com vitórias em praticamente todos os campos, esta nação é bem conhecida, mas é difícil alguém negar que foi surpreendido quando o gigante asiático ensinou o quanto e como se prepara para a festa universal dos esportes.

Até então, os dados associados ao crescimento da economia chinesa e as conquistas para sua população eram temas frequentes nos diálogos sobre este país e por isso se compreendia sua condição de sede dos Jogos Olímpicos, entre outras razões.

Mas a festa aproximou a China do resto do mundo, que, mediante a televisão ou como testemunha direta, comprovou o quanto os anfitriões avançam, tanto no aspecto econômico até o social.

Quando na noite de 8 de agosto de 2008, milhões de pessoas viram imagens de Pequim, a sede principal, boa parte dela coberta por fogos de artifício, não foram poucos os que ficaram surpreendidos, como aconteceu com muitos esportistas e outros visitantes presentes em suas ruas, avenidas e lugares públicos.

Lembro-me que voltando para casa, um vizinho me perguntou, talvez ainda com certa dúvida, "o que eu vi é Pequim?".

Referia-se também ao estádio Ninho de Pássaro, ao Cubo d'Água, entre outras instalações e imagens em sua mente.

Os que estiveram na capital chinesa para a ocasião verificaram a preparação de seus habitantes – desde motoristas de veículos até trabalhadores do metro – para o grande encontro, sem se esquecer dos milhares de voluntários que contribuíram para o sucesso dos jogos.

Vários podem ser os indicadores para falar de Pequim antes de 2008 e após o histórico momento. Muito surpreendeu ver a ampliação da rede de transporte subterrâneo. Apenas alguns anos antes, eram só duas linhas. Para o encontro, chegaram a oito e hoje são mais.

Também as condições criadas para os atletas paraolímpicos, não só nas sedes de competições e sua vila, senão em muitas partes da cidade.

Esta cidade tinha como credencial de organizadora de eventos esportivos de grande envergadura os Jogos Asiáticos de 1990, que reuniram pouco mais de seis mil 100 atletas de 37 países.

O quanto a China cresceu daquele ano até 2008 pode ser inferido pela diferença entre ambos os torneios.

Mas ao olhar, através da lembrança, para os Jogos Olímpicos de 2008, devemos pensar também em um elemento que foi único: o país anfitrião se abriu ao mundo como nunca antes.

Pequim foi a sede principal, mas muitos participantes, incluídos representantes da imprensa, estiveram também em outras praças que acolheram torneios esportivos. Shanghai, Shenyang, Tianjin e Qinhuangdao contribuíram campos às eliminatórias de futebol, Qingdao recebeu os participantes da competição de velas e Hong Kong organizou o campeonato de equitação. E talvez a última olhada foi para as medalhas, para viver também outro momento de surpresa: Ao conseguir 51 títulos, a China deslocou da primeira posição os Estados Unidos, que terminou com 36.

Hoje, quando se olha para Londres e seu esperado sucesso como anfitrião dos próximos jogos olímpicos, Pequim e as outras sedes de 2008 devem, mais que lembrança, uma história viva válida para ser imitada.

Prensa Latina