Libia tem 1ª eleição pós-Kadafi, em meio a ameaça de boicote

Cerca de 2,8 milhões de líbios estão convocados a elegerem neste sábado os 200 delegados do Congresso Nacional Geral, que designará o próximo governo, em meio a ameaças de boicote e ações violentas na região oriental.

Os colégios eleitorais abriram com atraso em Trípoli e outras cidades, por problemas organizativos e logísticos, enquanto na localidade de Ajdabiya cogitou-se adiar as eleições devido ao fato de que numerosas boletas e urnas foram queimadas há três dias.

Partidários do federalismo incendiaram um armazém que guardava grande parte do material eleitoral de Ajdabiya e aldeias próximas em protesto pela forma com que a Comissão Suprema Eleitoral da Líbia decidiu as cotas de assentos da Assembleia Constituinte para cada região.

Os residentes em Benghazi, berço do levante do ano passado contra Muamar Kadafi, impugnaram uma distribuição de 60 dos 200 assentos do Congresso Nacional General (CNG) à zona oriental de Cirenaica, frente aos 102 concedidos à ocidental Tripolitânia.

Das três regiões em que se dividia a Líbia sob o reinado de Idris I, a menor é Fezzan, no sudoeste, daí que também seja a que menos delegados tenha no órgão constituiente (38).

Antigos insurgentes que lutaram contra Kadafi ameaçaram interromper a votação e, como método de protesto, atacaram a indústria petroleira, grande parte da qual se concentra no leste do país, obrigando o fechamento de cinco terminais em Briga, Ras Lanuf e Sidra.

Igualmente, em Benghazi, foi reportado outro assalto contra um colégio de votação, e um helicóptero do Exército que transportava material eleitoral foi atacado perto do aeroporto, provocando a morte de um empregado da comissão escrutinadora do processo.

A luta pelos assentos no CNG obedece em boa medida ao interesse de ter maior incidência na redação da Constituição e na designação do premiê e seu gabinete, para substituir o autoproclamado governo do Conselho Nacional de Transição (CNT).

No entanto, em uma tentativa de aplacar tensões e disuadir aos residentes do oriente, o CNT afirmou que os 200 adelegados já não serão responsáveis por nomear o painel de 60 membros que redigirá a carta magna, pois isto se fará mediante uma eleição posterior.

Dados oficiais revelam que dos cerca de 3,5 milhões de cidadãos aptos para exercer o sufrágio, se registraram 2,8 milhões, 45% dos quais são mulheres.

A Comissão Suprema Eleitoral precisou que se inscreveram 2639 candidatos independentes, que competem por 120 assentos em 69 circunscrições eleitorais.

Com Prensa Latina