Professores: Governo fecha proposta para acabar com greve

Nesta sexta-feira (13), a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e o Ministro da Educação, Aloísio Mercadante, fizeram uma proposta definitiva para encerrar a greve dos professores. A categoria foi atendida em mais de 80% das suas reivindicações, segundo o professor Fernando Amorim, vice-presidente do Fórum dos Professores Federais (Proifes-Federação)

Em entrevista exclusiva para o Vermelho, Amorim disse que, na sua opinião pessoal, a proposta será aceita, mas ela ainda passará pela avaliação dos vários sindicatos das categorias e depois será submetida a uma votação eletrônica. Em uma semana, calcula, a decisão deve ser anunciada.

A proposta do governo tem como critério o estímulo à dedicação exclusiva e a produção acadêmica nas universidades e escolas técnicas. Ela objetiva "valorizar a Educação", segundo declarou a ministra, e estipula que o salário de um professor universitário com doutorado e dedicação exclusiva vai passar dos atuais R$ 11.700 para R$ 17 mil até 2015, ou 45% em três anos. O reajuste corresponde a R$ 3,9 bilhões no orçamento da União.

Avaliando todo o processo de negociação, que ” já começou em 2011”, o professor considera que a decisão de greve foi muito difícil, porque os professores tendem a ser conservadores, mas o saldo do movimento foi positivo: “Ele colocou em debate alguns temas fundamentais para o setor, por exemplo, a expansão do corpo docente. Foram realizados quase mil concursos para reposição de vagas em dois anos e a universidade não estava preparada para receber esse novo contingente de profissionais. Os iniciantes chegavam como professores e eram tratados como alunos, agora  serão integrados a uma estrutura acadêmica renovada pelo novo plano de carreira”, supõe.

Amorim afirma que a greve não foi “contra o governo Dilma”, como alguns grupos declaram, mas a favor do ensino de qualidade. Explica que, com o novo plano de carreira, os profissionais com 40 horas-aula por semana tendem a “se extinguir”: “Eles já diminuíram muito porque o governo está privilegiando a dedicação exclusiva, o que está corretíssimo”.

Também tendem a permanecer nos postos, complementa Amorim, os que cumprem carga horária de 20 horas semanais, porque esses são profissionais de carreira em outras áreas e contribuem com sua experiência de mercado para o enriquecimento do ensino acadêmico.

Com relação a desconto no salário das horas paradas, o professor explica que haverá reposição de aulas, portanto, não se justificaria uma medida punitiva nesse sentido: "Nunca vi isso acontecer em 40 anos de carreira. Quem controla o horário dos colegas é o chefe de departamento, eleito  pelos pares para uma gestão de dois anos. Nunca vi um chefe entregar os outros professores e isso teria de ocorrer para haver a penalização".

Confira, resumidamente, o que o governo está oferecendo aos professores:

– Doutores que ingressam agora na carreira, que hoje ganham R$ 7,3 mil, passarão a receber R$ 8,5 mil.

– Doutores que já estão na carreira terão seus salários aumentados de R$ 7,3 mil para R$ 10 mil (36%).

– Pós-doutores, que hoje recebem R$ 11,7 mil, passarão a ganhar R$ 17 mil, um aumento de 45%.

– Haverá uma redução de 17 para 13 no número de níveis da carreira, reduzindo o número de promoções e tornando-as mais atrativas.

Os ministros asseguraram que essa proposta "representa um esforço muito grande do governo" e rebateram as críticas de que houve demora para agir".

Porn Christiane Marcondes, de São Paulo, com informações de agências