Projeto de inclusão ajuda egressos do Sistema Penitenciário do CE

A perspectiva de um preso, em regime semi-aberto ou após cumprir pena, reintegrar-se à sociedade faz parte de tarefa complicada e difícil, a começar pelo preconceito. Mas, esse será um desafio para a Universidade Estadual do Ceará (Uece), que atende convite da Fundação Educacional Deusmar Queirós e, juntamente com várias outras instituições, já começa a trabalhar na estrutura do Programa de Responsabilidade Social chamado de Fábrica Escola.

A primeira reunião do grupo que aderiu ao projeto, aconteceu no gabinete do Reitor da Uece, Jackson Sampaio, no Campus do Itaperi. Na ocasião, houve a apresentação dos representantes das instituições convidadas a integrar o projeto, que deram algumas sugestões de como deverão contribuir para o sucesso da proposta de ressocialização da comunidade carcerária. A próxima reunião está agendada para as 9h do dia 3 de agosto de 2012, na PAX Corretora de Valores, na Avenida Dom Manuel, 1020, Centro.

“Projeto Institucional de Reintegração e Inclusão Social de Pré-egressos e Egressos do Sistema Penitenciário do Estado do Ceará e seus Familiares” foi a proposta apresentada, ao Reitor da Uece, Jackson Sampaio, pelo superintendente da Fundação Deusmar Queirós, Vicente de Paulo Pereira, que disse ser a Universidade, a primeira instituição a ser abordada, com o objetivo de que seja firmada uma parceria para implantação do projeto. Nada menos que sete parceiros, incluindo a Uece, participaram desta primeira reunião, cujos primeiros passos já estão sendo dados para a estruturação do trabalho.

Segundo o Reitor Jackson Sampaio, a parceria Uece e Fundação Educacional Deusmar Queirós será realizada através da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX). Durante a reunião, o Reitor fez uma rápida explanação sobre a Universidade. Enfatizou que ela conta com 10 Campi, sendo dois em Fortaleza e oito no interior do Estado. Tem 75 cursos de graduação, e 93 cursos de pós-graduação distribuídos em 30 cursos de Especialização (lato sensu), 16 mestrados acadêmicos, sete doutorados e sete cursos de Mestrado Profissionais. Além disso, conta com 144 grupos de pesquisas, cadastrados no CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Pesquisa. Lembrou também, que 62% dos alunos da Uece estão em cursos voltados para formação de professores.

A Pró-Reitora de Extensão, professora Lúcia Helena Fonseca Grangeiro, explicou que a Uece dará um grande suporte ao projeto, através das áreas de administração e contabilidade, além de apoio dos cursos de Medicina, Enfermagem, Serviço Social, Psicologia e Pedagogia. Essa capacitação poderá também contar com outras áreas como nutrição, química (na preparação de produtos de limpeza, por exemplo) e artesanato.

O superintendente da Fundação Deusmar Queirós, Vicente de Paulo Pereira, que coordena o projeto, disse que a proposta se fundamenta em quatro momentos assim resumidos: 1. aprender a ser cidadão, construindo a cidadania; 2. aprender a conviver; 3. aprender a fazer; 4. receber formação empreendedora. O objetivo é habilitar a comunidade carcerária a montar seu próprio negócio, ou capacitá-los para assumir as vagas oferecidas pelo mercado profissional. Outro aspecto que merece destaque é o trabalho que será realizado junto aos familiares do detento. Vicente de Paulo observa que “para tornar o projeto uma realidade terá que trabalhar com os vários segmentos da sociedade”.

A coordenadora da Pastoral Carcerária, Ruth Leite Vieira, destacou que o projeto além de capacitar o detento para assumir um emprego, pode trabalhar também o lado espiritual, sem abordagem religiosa. Estudos de ONGs indicam que, nacionalmente, metade dos egressos dos presídios volta a delinquir em menos de um ano. No Ceará, a Pastoral Carcerária estima a reincidência em 80%. A população carcerária flutuante é de 17 mil pessoas. Esse total coloca-o como o oitavo estado brasileiro com o maior número de encarcerados. No Nordeste, fica atrás apenas de Pernambuco.

Fonte: Agência da Boa Notícia