Cuba, 26 de Julho: Moncada, o ressurgir da revolução

O triunfo da Revolução Cubana em 1959 foi um dos fatos mais importantes ocorridos na América Latina no século 20, que teve como início histórico o assalto ao Quartel Moncada ocorrido a 26 de julho de 1953.

Estudiosos coincidem em que a via armada era a única forma de obter a verdadeira independência da ilha, processo iniciado em 1868 por valorosos homens resistentes às redes do colonialismo espanhol de então.

A grande disputa -que aconteceu na província oriental de Santiago de Cuba- não foi um fato isolado.

Nesse mesmo dia, outro grupo de homens, com uma missão de apoio, atacaria o quartel Carlos Manuel de Céspedes na localidade de Bayamo, a 140 quilômetros ao oeste da Cidade Heroica, com a intenção de armar o povo e promover um clima insurrecional.

Deste modo começava uma nova etapa de rebeldia na nação antilhana contra um regime ditatorial sustentado pelo governo de Estados Unidos.

Muitos historiadores consideraram audaz a ação do ponto de vista militar, porque em Santiago de Cuba estava baseado o regimento militar mais importante do país depois do Acampamento de Columbia, sede do Estado Maior, localizado nesta capital.

Em 1953, o ditador Fulgencio Batista, que tomou o poder um ano antes mediante um golpe de Estado, contava nos corpos do Exército e da Marinha com 2.100 oficiais e 21.100 sargentos e soldados, ao todo 23.200 homens, sem ter em conta uns 25 mil mais da polícia.

A correlação de forças entre os assaltantes e as guarnições em Moncada e Carlos Manuel de Céspedes era de um contra 15 homens.

Os protagonistas eram jovens revolucionários, em sua maioria de origem humilde, operários e empregados, caracterizados pelo altruísmo e o desinteresse pessoal, que utilizaram diferentes vias para arrecadar fundos com os quais adquirir as armas.

Antes do ataque a Moncada, no mês de fevereiro, começaram os treinamentos de tiro as primeiras células clandestinas organizadas em diferentes localidades da província de Havana e o clube de Cazadores del Cerro, além de começarem a gerenciar uniformes do Exército.

Em junho foi arrendada a granja Siboney, não muito longe de Santiago de Cuba, uma velha hospedaria em Bayazo e duas casas na cidade, lugares que serviriam de refúgio aos assaltantes que tinham então em seu poder escopetas calibres 12 e 16, fuzis 22, pistolas, uma carabina, uma submetralhadora e 10 mil projéteis.

Dos 153 combatentes escolhidos, 107 foram os protagonistas do assalto a Moncada e outros 15 participaram na ação de Carlos Manuel de Céspedes.

Na noite anterior ao ataque, Fidel Castro distribuiu os homens em três grupos.

Ele iria à frente do primeiro; Raúl Castro do segundo, designado para tomar o Palácio da Justiça; e Abel Santamaría do terceiro, com 21 homens e duas mulheres, que ocupariam o Hospital Saturnino Lora.

Na madrugada de 26 de julho – em pleno apogeu dos famosos carnavais santiagueros – os 153 assaltantes dividiram-se em vários grupos, como estava planejado.

O maior – de 107 integrantes vestidos com uniformes do Exército – dirigiu-se a Moncada em vários carros. Contavam com o apoio dos edifícios próximos ao quartel, enquanto os outros cumpriam suas missões no Palácio da Justiça e no Hospital Saturnino Lora.

Estes últimos agrupamentos tomaram seus objetivos desarmando as escoltas e dessas posições esperaram as ações do grupo principal liderado por Fidel Castro, que entraria pela Posta Número 1 do quartel e, já dentro de seu perímetro, ocuparia seus edifícios principais de surpresa. Ao ser cumprida essa missão, se procederia a distribuir armas entre a população.

Tendo em conta a festividade, o perímetro de Moncada foi reforçado com patrulhas e o fator surpresa falhou quando uma delas considerou suspeito o movimento dos carros, pelo que lhes deu um alto e exigiu os documentos.

Os militares foram neutralizados no momento, mas o ruído do choque armado alertou os guardas da Posta Número 1 e começou o combate.

A guarnição levantou-se em alarme de combate e enfrentou o ataque, apesar de os assaltantes já terem conseguido entrar e tomar algumas instalações do quartel.

Mas as forças eram demasiado desiguais, pois enquanto os jovens portavam escopetas de calibre reduzido, mais de mil militares profissionais protegidos nas muralhas da fortaleza disparavam com armamento de combate (M1, Garands e Springfields, bem como metralhadoras Browning Cal.50).

Depois do duro confronto, os assaltantes observam que seu plano falhou e deu-se a ordem de retirada.

Segundo primeiros comunicados militares castrenses, os oficiais registraram em suas filas meia centena de baixas entre mortos e feridos e entre os assaltantes reportaram só oito mortos e vários feridos.

Por tal razão, os comandos militares da ditadura sentiram-se humilhados e ordenaram uma verdadeira caça humana e múltiplos assassinatos em Santiago de Cuba e na cidade de Bayamo, pelos quais foram capturados mais de 50 assaltantes, os quais deveriam suportar cruéis torturas, muitos até a morte.

Depois, seus cadáveres foram colocados com fuzis ao lado para que os meios de comunicação publicassem que tinham perdido a vida na ação.

Detalhes inesperados avariaram o plano tático e abortaram a vitória dos revolucionários e, ainda que o assalto tenha sido considerado um fracasso no plano militar, constituiu um sucesso moral, ao mesmo tempo em que marcou o caminho que levaria ao triunfo da Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro, cerca de cinco anos e meio depois.

Prensa Latina