Peru celebra 191 anos de independência da Espanha

No dia 28 de julho de 1821, a Ata de Independência do Peru é aprovada e abre espaço para a convocação de uma assembleia constituinte. Foi por meio desse documento, redigido pelo advogado e político Manuel Pérez de Tudela, que o país declarou solenemente sua independência da coroa espanhola.

Em 12 de julho, o general argentino José de San Martin ingressa em Lima e, dois dias depois, lidera a invasão do Exército Unido Libertador do Peru na cidade. No domingo, 15 de julho, a pedido do libertador, o prefeito Conde de San Isidro reuniu os habitantes em sessão aberta para a assinatura do documento.

A primeira página foi ratificada pelas pessoas mais ricas e as demais por outras 3504 pessoas das mais diversas classes sociais – das de elevado espírito patriótico às que se revelavam temerosas diante das tropas de ocupação. Um bom número de espanhois e filhos de espanhois tiveram de se esconder para não assinar a ata. Eles temiam possíveis represálias do vice-rei, assim que este eventualmente recuperasse Lima.

Em 1820, o cenário se torna favorável aos partidários da independência. É nesse ano que San Martin desembarca em Paracas com o comando das tropas da Expedição Libertadora do Peru, enviada do Chile por Bernardo O’Higgins. A situação permanece indefinida depois de vários confrontos militares, como a Batalha de Cerro de Pasco e as negociações frustradas com o vice-rei Joaquim Pezuela.

Finalmente o general espanhol José de la Serna, após um pronunciamento militar contra Pezuela, assume o governo do vice-reinado, abandona Lima e se estabelece em Cuzco.
La Serna reorganiza suas forças na serra do Peru e no Alto Peru, de onde realizam incursões sobre a costa. Em 7 de abril de 1822, destroi um exército independente na Batalha de Ica e retoma as fortalezas de Callao. Os patriotas enviam expedições contra os bastiões reais através dos Portos Intermediários (no sul do Peru), mas são dizimadas nas batalhas de Torata e Moquegua, em 19 e 21 de janeiro de 1823.

O presidente José de la Riva Agüero organiza um novo exército que chega a La Paz em 8 de agosto de 1823. No entanto, após o resultado indeciso da Batalha de Zepita, os patriotas se dispersam em uma retirada precipitada. O Congresso de Lima decide encarregar Simón Bolívar, estabelecido então em Guaiaquil, do comando da guerra.

Com poderes absolutos e reforços vindos da Grã-Colômbia (união entre Venezuela, Colômbia e Equador), Bolívar organiza um novo exército que permanece em Trujillo. Aproveita-se de uma divisão entre os partidários da corte e dirige a campanha de Junin em agosto de 1824. Mais tarde, em 9 de dezembro de 1824, seu tenente conquista a vitória de Ayacucho, que encerra a guerra no Peru e toma as fortalezas de Callao.

O governo do Peru continuou em mãos de Bolívar, que delegou suas funções executivas a outras figuras até sua destituição, em 1827. O país ingressa em um processo político marcado por governos militares dirigidos por caudilhos da independência. É nesse período que a jovem república trava uma guerra com a Grã-Colômbia (1829).

Durante os governos de José de La Mar, Agustin Gamarra e Luis José de Orbegoso, o debate político se concentra entre monarquistas, que preferiam estabelecer uma monarquia constitucional para assegurar a ordem interna, e republicanos e liberais, que, como La Mar, favoreciam uma presidência controlada pelo Congresso. Dentro desse processo, havia também conservadores, que, como Gamarra, eram próximos do autoritarismo, e aqueles que pensavam que a nova república da Bolívia devia ser anexada ao Peru.

A Confederação Peruana-Boliviana foi criada pelo general Santa Cruz em 15 de junho de 1837 e dissolvida em 25 de agosto de 1839, ao final da Guerra da Confederação. Como consequência, os estados Norte-peruano e Sul-peruano conformam novamente uma só república, que permanece até os dias de hoje.

Dissolvida a Confederação, Gamarra é imposto pelo Congresso como presidente, dando início a um governo de “pacificação” que terminaria por declarar guerra contra a Bolívia. O Peru acabaria derrotado na Batalha de Ingavi, o que abriria espaço para o caos e para efêmeros golpes de Estado entre 1842 e 1843. Isso só seria interrompido com a ascensão do também militar Manuel Ignacio de Vivanco.

Fonte: Opera Mundi