Bolívia consulta povos do Tipnis sobre construção de estrada

O governo da Bolívia deu início neste domingo (29) à consulta aos habitantes do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro-Sécure (Tipnis) sobre a construção de uma estrada que irá cortar a reserva, que é a maior do país. O início da consulta, que continua nesta segunda, foi tranquilo, apesar da polêmica que tem permeado o tema. 

A consulta, estabelecida pela Lei 222 de Consulta Prévia, começou ontem nas localidades de Oromomo e San Miguelito, localizadas no departamento amazônico de Beni, e não se encerrará até o final de agosto, após passar pelas 69 comunidades do Tipnis.

A pesquisa, levada a cabo por 15 comissões integradas por autoridades dos ministérios de Meio Ambiente e Obras Públicas, decidirá se será ou não construída uma estrada através do referido parque, que unirá os departamentos (estados) de Cochabamba e Beni, uma aspiração do governo boliviano.

Junto às 15 comissões encarregadas da consulta, estarão supervisores da União de Nações Sul-americanas (Unasul) e da Organização de Estados Americanos (OEA), cujos representantes participaram desde o início nas comunidades mencionadas.

O representante da Unasul, o venezuelano Pedro Sassone, qualificou o processo como muito democrático, além de inédito e histórico para os países da América do Sul.

"Eu diria é que este é um processo histórico, inédito na América do Sul, portanto poderia dizer que se está fazendo história hoje", indicou Sassone, pouco depois da inauguração da consulta, à qual assistiram os ministros de Meio Ambiente e Obras Públicas, Felipe Quispe e Vladimir Sánchez, respectivamente.

Sassone destacou também a forma direta de consultar todas as comunidades do Tipnis "de acordo com seu costume, de acordo com sua forma e à maneira como se dialoga nas comunidades".

Os resultados finais da consulta serão divulgados em 6 de setembro; por hora os organizadores da mesma e os habitantes do Tipnis agradecem pelo primeiro dia ter sido tranquilo, apesar das ameaças de alguns dirigentes contrários à mesma.

A anterior direção da Confederação de Povos Indígenas do Oriente Boliviano prometeu resistir contra a pesquisa, inclusive pela força, com a intenção de evitar que as comissões entrassem a suas comunidades.

Fonte: Prensa Latina