Temendo rejeição, Serra esconderá aliança com Kassab em SP
A equipe do candidato à Prefeitura de São Paulo, José Serra (PSDB), resolveu retirar da campanha tucana o discurso de continuidade política. O motivo é a mal avaliada gestão do atual prefeito Gilberto Kassab (PSD) — principal aliado dos tucanos na capital.
Publicado 30/07/2012 10:48
Serra vai tentar evitar ficar na contramão do eleitorado paulistano, que atribuiu nota 4,4 à gestão de Kassab em pesquisa divulgada na semana passada pelo Datafolha.
No início do mês, o tucano se irritou quando o prefeito deu “nota dez” à própria gestão. A interlocutores Serra teria dito que o autoelogio era uma “estupidez”.
Mesmo não fazendo uso do discurso de continuidade, a campanha tucana evitará apontar falhas da atual administração ou problemas do município.
A campanha de Serra deverá ainda se distanciar da realidade da capital paulista, fazendo vista grossa e até desconsiderando problemas graves da cidade.
Pesquisas conduzidas pelo PSDB revelam que os eleitores rejeitam a figura de Kassab. Discretamente, Serra vem assumindo um discurso de independência em relação ao prefeito. Nas últimas semanas, trocou o plural que refletia uma única gestão (“nós fizemos”) pelo singular que marca uma imagem de liderança (“eu fiz” e “eu criei”).
“Eu fui eleito (em 2004). O Kassab era vice e completou minha gestão. Depois, ele se reelegeu por conta própria e fez seu mandato, mas permaneceu na linha que nós tínhamos fixado”, disse Serra a candidatos a vereador na semana passada.
O discurso da continuidade foi um dilema nas duas eleições presidenciais que Serra disputou e perdeu. Em 2002, candidato à sucessão do governo mal avaliado de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), escondeu o aliado e adotou como slogan a frase “continuidade sem continuísmo”. Em 2010, quando disputou com a presidenta Dilma Rousseff a Presidência, Serra tentou, inutilmente, ligar sua imagem à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fonte: O Estado de S. Paulo