Na contramão, Capriles critica entrada da Venezuela no Mercosul

Na contramão dos interesses da nação, o candidato da oposição à Presidência da Venezuela, Henrique Capriles Radonski, criticou a entrada do seu país no Mercosul, oficializada nesta terça-feira.

Para Capriles, isso só será bom quando a Venezuela for “um país produtor”. "A entrada da Venezuela no Mercosul será muito boa quando formos um país que produza", disse Radonski numa entrevista ao canal de televisão privado de notícias Globovisón.

"Sabem de onde vem o arroz? Do império (EUA), estamos a importar arroz do império, como a carne que vem de fora. O plátano (banana tropical) talvez se salve, mas o feijão não. Aqui não há soberania alimentar", disse, extrenando uma posição completamente isolada.

A cerimônia oficial para a entrada da Venezuela no Mercosul aconteceu nesta manhã, na presença dos presidentes dos países-membros: Dilma Rousseff (Brasil), José Mujica (Uruguai), Cristina Kirchner (Argentina) e Hugo Chávez (Venezuela).  

Após mais de cinco anos de negociação, Chávez disse que o ingresso de seu país no bloco “completa uma equação” e vai fortalecer o Mercosul. “Esperamos este dia por muitos anos. Para a Venezuela é muito importante, porque esse é o nosso rumo, é o nosso projeto, a união sul-americana. E para o Mercosul uma porta gigantesca se abriu. O Mercosul agora é Caribe. É um passo histórico e reformará completamente a união sul-americana”, avaliou.

As primeiras negociações para parcerias e acordos já estão acontecendo. Em Brasília, Chávez disse que propôs à presidenta Dilma Rousseff a exportação de petróleo cru para o Brasil. 

A Venezuela é dona de uma das maiores reservas mundiais de petróleo, e, segundo Chávez, deve alcançar este ano a produção diária de 3,5 milhões de barris. Como o Brasil ainda importa petróleo, o presidente disse que sugeriu a Dilma a exportação do óleo venezuelano para o país.

“Propusemos hoje e a presidente se mostrou muito interessada que a Venezuela exporte petróleo cru ao Brasil. O Brasil ainda importa petróleo e nós estamos incrementando nossa produção. Este ano, a Venezuela vai chegar a 3 milhões de barris a 3,5 milhões”, disse Chávez ao deixar o Palácio da Alvorada pouco depois de meia-noite, após quatro horas de encontro.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e a presidente da Petrobras, Graça Foster, também estavam no jantar, além dos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e do assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

Além de petróleo, Chávez disse que a Venezuela está pronta para firmar outros acordos com o Brasil e que o ministro Fernando Pimentel deve ir a Caracas nos próximos dias com um grupo de empresários brasileiros interessados em fechar parcerias com venezuelanos.


Com agências