Novo escândalo do governo Arruda

Um suposto esquema criminoso interestadual, que teria provocado um rombo milionário nos cofres do governo do Distrito Federal, foi alvo de uma operação desencadeada pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco).

A ação investiga suspeita de superfaturamento de equipamentos e emissão de notas de falsas prestações de serviço envolvendo recursos destinados ao Programa DF Digital, da Secretaria de Ciência e Tecnologia. Duas pessoas foram presas e outras cinco não foram localizadas. Os policiais também cumpriram 15 mandados de busca e apreensão.

Pelo menos quatro dos suspeitos que foram alvo de mandados de prisão temporária são maçons, segundo a polícia, ligados à instituição maçônica Grande Oriente do DF e trabalharam ou mantiveram algum tipo de vínculo com a Fundação Gonçalves Lêdo (FGL). Um dos procurados, de acordo com a polícia, é o grão-mestre Jafé Torres, de 71 anos. A fundação assinou, ainda em 2009, um contrato no valor de R$ 32 milhões – cinco a mais que o previsto – anuais para tocar projetos relacionados à inclusão digital no DF. O contrato ainda previa o investimento de R$ 135 milhões em um prazo de cinco anos.

Os investigadores cumpriram mandados de busca na casa de Torres e de outras pessoas que teriam ligação com a FGL. Policiais do DF viajaram até Teresina, no Piauí, para prender o diretor da Fundação Raúl Furtado Bacellar, que mantinha ligações com a FGL, prestando serviços que, de acordo com as investigações, jamais ocorreram. A Operação Firewall apreendeu documentos e computadores nas casas dos suspeitos e nos endereços antigos e atual da FGL, no Recanto das Emas.

A Deco montou uma análise de vínculo criminal para mapear e entender como funcionaria o esquema criminoso. De acordo com as investigações, depois de assinar o contrato – sem processo licitatório – com vigência de cinco anos, ainda em 2009, a FGL teria passado a terceirizar uma série de serviços. Depois disso, o pagamento pelo serviço seria superfaturado.

A compra de equipamentos de informática e a emissão de notas de pagamento seguiam o mesmo caminho considerado irregular. “Eles simulavam pagar por um produto de alto preço que nem a loja mais cara praticava. Era uma ação clara para desviar dinheiro público. Verbas que seguiam um caminho direto para o bolso de poucas pessoas”, disse uma fonte policial, que preferiu não se identificar.

O advogado de defesa de quatro dos maçons, Cléber Monteiro – ex-diretor da Polícia Civil do DF –, afirmou que procurou a Deco em 26 de junho último, querendo apresentar seus clientes para serem ouvidos na delegacia. “Eles não têm nada para esconder e queriam falar. Mas vale destacar que esse caso já virou processo e já está na fase de sentença. Pedir a prisão temporária de pessoas que queriam falar há meses não faz o menor sentido”, disse. Monteiro destacou, ainda, que o desejo da polícia em prender os suspeitos para que todos fossem ouvidos simultaneamente também não iria produzir o efeito desejado. “Será que a polícia não percebe que essas pessoas tiveram três anos para conversar sobre esse processo? ”, questionou.