SUS precisa de melhor distribuição de profissionais da saúde

Deputados, representantes do governo e de entidades civis sugeriram nesta terça-feira (21), em debate na Câmara dos Deputados, mudanças no uso da força de trabalho dos médicos e demais profissionais da saúde. “Apesar dos avanços do SUS, ainda não conseguimos resolver esse problema”, avalia o deputado João Ananias (PCdoB-CE-foto), presidente da subcomissão especial criada para analisar a formação de recursos humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

 O relator da subcomissão, deputado  Rogério Carvalho (PT-SE) defendeu a  criação de uma estrutura de governo  que teria a participação de  representantes de setores da  sociedade e ficaria responsável por  pensar a formação, certificação,  regulação e distribuição dos  profissionais de saúde.

 Representando o Ministério da Saúde,  Fernando Menezes concorda que  faltam instrumentos que permitam ao  governo definir quantos, qual o perfil e onde deverão atuar os profissionais de saúde que saem das universidades. “Estudam-se vários tipos de intervenção do Estado para combater um problema sério: a falta de profissionais nas unidades básicas e de pronto atendimento do SUS”, afirmou.

Menezes é favorável à criação de instrumentos que permitam redirecionar a formação de novos profissionais. “No Reino Unido, o médico em formação pode optar entre quatro especialidades básicas. No Brasil há 54 especialidades à disposição”, disse.

Para Menezes, esse é um dos fatores que favorecem a alta concentração de profissionais em serviços de média e alta complexidade, em prejuízo dos serviços básicos de saúde, como o Programa de Saúde da Família.

Para o representante do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), Armando Raggio, o País vive uma contradição. “Pensamos um sistema de saúde que atenda a todos, mas estamos formando profissionais altamente especializados que acabam atuando principalmente fora desse sistema”, disse Raggio, que também participou da reunião.

Segundo Raggio, o médico que escolhe uma formação mais generalista contribui mais com o sistema, mas não recebe uma contrapartida financeira à altura de outros profissionais que focam em especializações e optam por serviços de média e alta complexidade em hospitais ou clínicas particulares.

Da Redação em Brasília
Com Agência Câmara