Começa processo de desapropriação da Casa da Morte de Petrópolis

A Casa da Morte, um dos aparelhos da repressão mais temidos durante a ditadura militar começou a ser desapropriada na noite de terça-feira (21), pela prefeitura de Petrópolis, Rio de Janeiro, onde está localizada. O lugar poderá ser transformado em museu. No início da década de 1970, pelo menos 20 militantes políticos que combatiam o regime passaram pelo lugar. Somente um deles saiu vivo de lá.

Foi a Ex-militante da VAR-Palmares Inês Etienne Romeu, que sobreviveu para contar a história. Recentemente ela concedeu entrevistas à imprensa afirmando que quer colaborar com a Comissão da Verdade. Foi a partir de um depoimento seu, escrito em 1971, e entregue à Ordem dos Advogados do Brasil, em 1979, quando terminou de cumprir pena, é que foi possível localizar a casa e identificar parte dos agentes que atuavam no local, que servia como aparelho clandestino do Centro de Informações do Exército (CIE)

O documento assinado pelo prefeito Paulo Mustrangi declarou o imóvel como sendo de utilidade pública para que seja desapropriado. O ato deverá ser publicado no Diário Oficial da cidade até final desta semana, mas ainda não define seu destino e nem o valor que será pedido no processo de desapropriação, que atende a reivindicações feitas pela Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) e pelo Conselho de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis.

"É uma grande vitória da sociedade democrática e a OAB-RJ se orgulha de ter contribuído para a causa. O próximo passo será transformar a famigerada Casa da Morte em memorial. Assim, a cidade de Petrópolis fica desagravada em sua honra, já que a Casa da Morte deixa de ser uma mancha e passa a ser uma lembrança de que o Brasil viveu tempos tenebrosos que não mais devem voltar", disse Wadih Damous, presidente da OAB-RJ, em nota distribuída na noite de terça.

Com O Globo