Câmara vai discutir suspeita de assassinato de Anísio Teixeira 

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) anunciou a realização de audiência pública para debater as denúncias de que a morte do educador Anísio Teixeira foi assassinato cometido por agentes da ditadura militar. O requerimento de autoria da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) , também assinado por Jandira, solicitando a audiência foi aprovado nesta quarta-feira (5) na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

A deputada convidou para o debate sobre as novas evidências relacionadas com o possível assassinato do educador baiano o ministro Gilson Dipp, coordenador da Comissão Nacional da Verdade; a ministra Maria do Rosário; da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos; José Geraldo de Sousa Junior, reitor da Universidade de Brasília (UnB); João Augusto de Lima Rocha, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o filho de Anísio Teixeira, Carlos Antônio Teixeira.

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A Comissão de Memória e Verdade da Universidade de Brasília (UnB) decidiu investigar, 41 anos após a sua morte, a suspeita de que Anísio Teixeira teria sido assassinado por agentes do Estado, após declarações feitas por João Augusto de Lima Rocha, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e biógrafo de Anísio Teixeira. Ele anunciou, na cerimônia de instalação da Comissão da Verdade na UnB, que tinha o conhecimento do assassinato conforme lhe foi confidenciado, em relatos diferentes, pelo ex-governador da Bahia Luís Viana Filho e pelo professor e crítico literário Afrânio Coutinho.

A mesma suspeita é compartilhada pelos familiares, que sempre manifestaram dúvidas quanto à versão oficial, mas temiam levar adiante uma investigação aprofundada. Na opinião do professor João Augusto, a família tinha medo de sofrer retaliações.

Afrânio contou que presenciou a necropsia de Anísio Teixeira e, como quase todos os ossos estavam quebrados, ele não admitia a hipótese de queda. De acordo com o relato de Afrânio Coutinho, a quem Anísio tinha dito que estava sofrendo ameaças por telefone, ele teria sido sequestrado, quando se dirigia à casa de Aurélio Buarque, e submetido à tortura.

Carlos Antônio Teixeira conta que, no momento do suposto sequestro, Anísio tinha em sua pasta um texto que desapareceu. Era um texto do Partido Comunista Brasileiro, que Carlos, que era militante do PCB, havia dado ao pai.

“Era um documento crítico. Falava da ditadura, não falava das pessoas, mas das perspectivas próximas e imediatas”, disse ele. A pasta e outros documentos de Anísio Teixeira foram devolvidos à família.

De Brasília
Márcia Xavier