Correa quer retratação do Reino Unido e reforça busca por diálogo

O presidente do Equador, Rafael Correa, declarou nesta terça (21) que está disposto a reabrir um diálogo com o Reino Unido sobre a situação do fundador do WikiLeaks, Julian Assange. O presidente, contudo, exigiu que o governo britânico se retrate e ponha fim às ameaças. E afirmou que analisa a hipótese de recorrer ao Tribunal Internacional de Justiça de Haia para garantir que Assange seja beneficiado pelo asilo político.

"Não esperamos desculpas, não pedimos isto, mas a Grã-Bretanha deve corrigir o gravíssimo erro cometido ao ameaçar o Equador de poder violar sua sede diplomática para prender o senhor Julian Assange", disse o presidente Rafael Correa. "Apesar desta impertinência, desta grosseira e inaceitável ameaça, seguimos abertos ao diálogo", completou.

Segundo ele, a ideia é dialogar "não para negociar princípios", mas para buscar uma solução para Assange, que está há mais de um mês refugiado na embaixada do Equador em Londres. "As portas do diálogo estão abertas desde o início, e não apenas isso, foram utilizadas, houve um diálogo fluído, e continuam abertas", completou Correa, que tenta abrir caminho para superar a crise provocada desde o anúncio de que seu país dará asilo ao jornalista.

Em resposta à decisão equatoriana, o Reino Unidos declarou que não concederá o salvo-conduto para que Assange deixe a embaixada rumo ao país latino-americano sem ser preso. Pior: ameaçou invadir a sede diplomática, para buscar o fundador do WikiLeaks e, em seguida, extraditá-lo à Suécia.

Correa afirmou ainda que Assange é bem-vindo a ficar "indefinidamente" na embaixada, se for o caso. Mas defendeu que há duas possibilidades a serem conversadas com os britânicos. "As opções seriam: que o Reino Unido conceda um salvo-conduto ou que dê garantias claras de que ele não será extraditado a um terceiro país", disse, em declaração à Telesul.

O presidente também reiterou sua oferta de que um fiscal sueco interrogue Assange na missão diplomática pelos supostos crimes sexuais que teria cometido. Este é o argumento usado para solicitar sua extradição, embora ele ainda não tenha sido sequer acusado ou indiciado formalmente.

Assange acredita que, após ser preso na Suécia, os Estados Unidos pedirão sua extradição, onde poderá ser julgado por crimes como espionagem e roubo de arquivos secretos, já que o Wikileaks obteve acesso e divulgou centenas de milhares de arquivos diplomáticos norte-americanos, muitos deles confidenciais. O Equador tomou a decisão de asilar o jornalista também por temer tal desfecho.

Ministros das Relações Exteriores de toda a América Latina apoiaram a posição do Equador na disputa diplomática com a Grã-Bretanha. Correa disse ainda que analisa a hipótese de recorrer ao Tribunal Internacional de Justiça, de Haia, na Holanda, para garantir que Assange deixe o Reino Unido e seja beneficiado pelo asilo político.

Com agências.