Massacre de moradores de rua: oito anos de impunidade em SP

Causa indignação saber que agentes de segurança do estado estão há oito anos impunes do massacre de sete moradores de rua ocorrido no dia 20 de agosto de 2004, no centro de São Paulo. Essa é a afirmação do coordenador da Pastoral do Povo de Rua, padre Júlio Lancelotti, ao se referir à morosidade dos processos e à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que aceitou encaminhar a denúncia contra apenas um dos assassinatos, o da ex-moradora Maria Baixinha.

“A decisão do STJ é estarrecedora. O que nos espanta é que a justiça não percebe que a morte de Maria Baixinha foi da mesma forma, do modus operandi, e na mesma região dos outros seis casos. Agora teremos esse julgamento, mas o crime ainda está impune”, disse Lancelotti.

Uma das testemunhas presenciais da chacina, Priscila Machado da Silva, também foi assassinada em março de 2005. “Os policiais militares que a mataram foram condenados, mas não dizem que é porque ela era uma testemunha do massacre dos moradores de rua. O que dizem é que ela roubou um celular. A justiça não fez a relação de sua morte com os outros casos”, afirmou o coordenador.

Segundo o padre, não apenas a impunidade, mas também a violência contra os moradores de rua continua. “Essa população está sujeita à violência diária, permanente e contínua. Muitas dessas pessoas vivem num estado de tortura psicológica que é um processo de enlouquecimento que não se detém”, ressaltou.

As entidades que lutam pela dignidade dos moradores de rua convidaram, na última semana, todos os candidatos a prefeito de São Paulo para assumir compromissos com a população de rua. Apenas Fernando Haddad (PT), Carlos Giannazi (PSOL) e Soninha Francine (PPS) compareceram.

Rede Brasil Atual