Irã convida ONU e AIEA para visitarem usinas nucleares
As usinas nucleares do Irã estão prontas para receber a visita de representantes das nações que se opõem ao desenvolvimento do programa energético do governo de Mahmoud Ahmadinejad. É o que afirmou nesta segunda-feira (27) o vice-ministro das Relações Exteriores do país, Mohammad Mahdi Akhoundzadeh, em entrevista ao site estatal yjc.ir.
Publicado 28/08/2012 12:49
“O Irã está preparado”, confirmou Akhoundzadeh, ao convidar especialistas da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para viajar ao país e conhecer as bases militares acusadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas de desenvolver armas atômicas.
Esse acesso livre de diplomatas e outras autoridades a instalações militares surge como um passo do Irã para demonstrar a transparência do governo de Mahmoud Ahmadinejad aos 120 países que compõem o chamado Movimento dos Não Alinhados e aos demais membros da ONU.
Há meses inspetores nucleares das Nações Unidas defendem maior acesso à planta de Parchin, no sudeste de Teerã. Segundo países ocidentais, é de lá que surgem eventuais suspeitas de que o governo de Mahmoud Ahmadinejad estaria investindo no desenvolvimento de artefatos atômicos, o que Teerã nega veementemente.
O encontro entre esse bloco de nações de oposição ao imperialismo é sediado em Teerã até a próxima sexta-feira (31). O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a possível visita às instalações nucleares iranianas não está em seus planos, mas pediu acesso livre para os agentes da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
"Não há planos para que o secretário-geral realize uma visita desse tipo no Irã pela cúpula do Movimento dos Não Alinhados ", afirmou o porta-voz de Ban, Martin Nesirky, que ressaltou que os analistas da AIEA podem comparecer aos recintos nucleares "se as autoridades iranianas estiverem preparadas para fornecer esse acesso".
A ONU "agradeceria" à AIEA por esse gesto, disse Nesirky ao ser questionado sobre o convite feito por Teerã às lideranças presentes na cúpula para resistir à "propaganda contra a República Islâmica do Irã e às absurdas acusações de que o Irã pretende fabricar armas nucleares".
"Esse é o objetivo da visita", anunciou no último domingo (26) o deputado iraniano Mansur Hagigatpur, da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento iraniano, que defendeu as atividades pacíficas realizadas nessas instalações.
Ban deve chegar a Teerã na próxima quarta (29) para participar da cúpula dos Não Alinhados e se reunir com as principais autoridades iranianas, uma visita que gerou um amplo debate entre israelenses e norte-americanos e que também representou uma vitória diplomática ao governo iraniano.
Por conta da alegada suspeita de que seu programa nuclear visa ao desenvolvimento de armas atômicas, o Irã vive sob sanções financeiras e econômicas promulgadas tanto pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas quanto pela União Europeia e pelos Estados Unidos. O posicionamento do governo de Mahmoud Ahmadinejad sempre foi o de garantir o caráter civil, científico e, portanto, pacífico de suas usinas nucleares.
Os Estados Unidos já não acreditam mais na eficiência das sanções diplomáticas e econômicas aplicadas pelas principais potências ocidentais e cogitam o emprego de força militar. Teerã insiste em assegurar que seu programa atômico respeita o Tratado de Não-Proliferação nuclear.
Com Opera Mundi