Americanos criticam falsidades e inconsistências dos republicanos

A Convenção Nacional Republicana está repleta de falsidades e fundamentos pouco sólidos, da mesma forma que a campanha do partido para as eleições presidenciais de novembro, assinalou nesta quarta-feira (29) o diário The New York Times.

Os eleitores que procuram a verdade não a encontram na reunião que é celebrada na cidade de Tampa, na Flórida, diz o jornal em seu editorial desta quarta.

"As convenções partidárias sempre estão cheias de aplausos baratos e ataques exagerados, mas é incrível ver como tantos oradores no evento abordaram temas que não têm base nenhuma na realidade", continua o jornal.

Em sua intervenção de abertura, o governador de Nova Jersey, Chris Christie, exigiu que o povo estadunidense conheça a verdade sobre os dois partidos – republicano e democrata –, mas, da mesma forma que outros oradores, tampouco disse o que há de correto nas mensagens dos republicanos.

Segundo o jornal, Christie assinalou que Nova Jersey precisava do regime austero que ele impôs no estado, com orçamento reduzido, obras públicas canceladas e a eliminação de sindicatos públicos, mas ele não falou que o seu estado, hoje, tem um nível de desemprego mais alto que quando assumiu o cargo.

Mitt Romney foi nomeado oficialmente ontem como o candidato do partido à presidência do país nas eleições de novembro e está previsto que aceite a nomeação no discurso que fará na quinta-feira (30) à noite, diante dos delegados que comparecem ao encontro.

O candidato republicano estará acompanhado na cédula de eleição pelo congressista por Wisconsin, Paul Ryan, que aspira pela vice-presidência.

Silêncio sobre o Afeganistão

Ao mesmo tempo, a guerra do Pentágono no Afeganistão é um tema vedado na temática eleitoral dos Estados Unidos e é o único que os dois maiores candidatos, Barack Obama e o republicano Mitt Romneuy, concordam plenamente.

"É inacreditável que ninguém toque no assunto, considerando a quantidade de soldados e de dinheiro envolvidos no conflito. É assim como ambos querem que o problema fique, bem longe", comentou o analista Joshua Foust, do instituto de estudos (thinktank) American Security Project.

"As mortes de militares americanos no país asiático passaram de 2 mil na última semana e agosto tem sido um dos meses mais mortíferos desde o início da ocupação do país, em outubro de 2001", apontou Foust.

"Em termos eleitorais, a falta de discussão sobre o Afeganistão é um reflexo de que os dois partidos sabem que a guerra é altamente impopular e um tema demasiado complexo", agrega o cientista social.

Uma pesquisa recente da Universidade Quinnipiac mostrou que 60% dos eleitores registrados preferem que o Departamento de Defesa ordene a retirada militar completa e imediata do Afeganistão.

"Ultimamente as tropas estadunidenses estão sendo atacadas por combatentes que foram treinados por elas, um fato que adiciona mais um risco à ocupação", afirma Linda Robinson, do fóro Council on Foreign Relations.

Romneu apoiou projetos militares de Obama relacionados com a permanência da ocupação até 2014, enquanto restam ainda no país asiático cerca de 80 mil soldados, e que somente 30 mil deles deverão retornar ao país até o fim de 2012.

"Estamos em um ano eleitoral e a campanha está na sua fase de discursos sobre economia e desemprego. A atividade bélica e as baixas americans estão muito fora do contexto por conveniência mútua entre democratas e republicanos", apontaram especialistas citados pelo diário Financial Times.

Os Estados Unidos consideram desde julho o Afeganistão como o "maior aliado" além da esfera da Otan, decisão que resume as fortes relações bilaterais e o respeito recíproco, segundo informa um comunicado do Departamente de Estado dos EUA.

Essa nova categoria política outorgada a Cabul, e anteriormente a Israel e ao Egito, foi confirmada pela secretária de Estado do país, Hillary Clinton, em giro que passou pelo país asiático.

Há cinco meses as duas nações estiveram a ponto de romper os laços diplomáticos depois de uma sucessão de incidentes militares e indisciplinas de soldados enviados pelo Pentágono.

Do Portal Vermelho, com informações da Prensa Latina