Não Alinhados: nasce uma nova ordem mundial, diz líder iraniano

A abertura da 16ª Cúpula dos Países Não Alinhados nesta quinta-feira (30) foi marcada por críticas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e à ordem política mundial protagonizada pelos Estados Unidos e seus aliados. No entanto, o que prevaleceu foi o sentimento de que uma nova ordem mundial está sendo criada

Abertura da Cúpula dos Não Alinhados

Por ser o anfitrião do evento, o líder iraniano Ali Khamenei fez o discurso inicial perante representantes de 107 países e pediu sua união para a constituição de uma nova força política que possua valores próprios. Segundo ele, o Movimento de Países Não Alinhados são contra o colonialismo e a dependência cultural, política e econômica.

"O mundo está em transição para uma nova ordem internacional e o Movimento de Países Não Alinhados pode e deve desenvolver um novo papel”, afirmou ele. Khameini destacou que existe solidariedade e cooperação entre os países membros do grupo por mais de cinco décadas, mas reafirmou a importância de maior aproximação com a atual conjuntura política.

Para o líder iraniano, existem condições históricas que apontam para o nascimento de uma nova ordem. “O coletivo vai desenvolver esforços para mudar a realidade e alcançar os valores que acredita”, disse ele.

Khameini também criticou a estrutura “não democrática, irracional e injusta” do Conselho de Segurança da ONU. “É uma forma flagrante de ditadura, é inadequada e obsoleta”, disse ele. ”Os EUA e seus aliados protegem os interesses ocidentais no nome dos ‘direitos humanos’, interferem militarmente em outros países em nome da ‘democracia’ e atingem pessoas indefesas para ‘combater terrorismo’”, acrescentou.

Sucesso diplomático iraniano

Apesar da polêmica existente em relação à questão da Síria, o  nivel de discussões que se viu na cúpula permite considerar que ela foi um sucesso da diplomacia iraniana. Durante os pr´poximos três anos caberá ao governo de Teerã a presidência da organização que se defronta, agora, com um novo fator de unificação – justamente o destino da Síria. Embora muitos países árabes não tenham participado, precisamente pelas divergências com Teerã, o Egito, ao contrário, manifestou a disposição de superar velhas divergências com o governo de Damasco e reforçar a defesa da paz e da autonomia na região. Aliás, o governo do Egito acaba de divulgar sua concordância com os esforços chineses a favor de uma solução política negociada para o conflito sírio.

A presença do presidente Mohamed Mursi em Teerã representa a primeira visita de um chefe de Estado egípcio ao Irã desde 1979, quando houve a revolução que derrubou o xá Reza Pahlevi que, aliás, exilou-se no Egito, provocando a ruptura das relações exteriores entre os dois países. O presidente Mujrsi apresentou em Teerã uma proposta de formação de um grupo de contato sobre a Síria, envolvendo Turquia, Irã e Arábia Saudita.
 
Histórico

As cúpulas do Movimento de Países Não-Alinhados são realizadas a cada três anos e a anterior aconteceu em 2009, no Egito, onde foi decidido que a seguinte seria no Irã, país que assumiu a presidência rotativa da organização até 2015. O encontro termina amanhã (31).

O Movimento dos Países Não-Alinhados, fundado formalmente em 1961, reúne quase dois terços dos Estados-membros das Nações Unidas, especialmente da Ásia, África e América Latina, que têm pouco mais da metade da população mundial.

Durante a Guerra Fria, na segunda metade do século 20 se juntaram ao movimento a maior parte dos Estados não oficialmente alinhados nem com o bloco ocidental nem com o soviético, a fim de manter sua independência.

Após o final da Guerra Fria, o movimento se mantém, embora muitos de seus membros apontem que deve adaptar-se à nova estrutura geopolítica mundial se quiser sobreviver.

Com informações de Opera Mundi e rádio Voz da Rússia; atualizado às 17:30