Troica duvida dos cortes propostos pelo governo grego

A comissão de credores estrangeiros da Grécia mostrou suas dúvidas frente a uma parte das medidas de austeridade propostas pelo governo de Antonis Samarás, revelou nesta segunda-feira (10) o jornal conservador Kathimerini citando fontes do Ministério de Finanças grego.

As objeções formuladas pelos inspetores da troica (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) referem-se a cortes em três áreas principais: setor público, saúde e defesa; que suporiam um valor de 2,2 bilhões de euros.

Durante o encontro realizado domingo com o ministro de Finanças grego, Yannis Sturnaras, os inspetores solicitaram informações adicionais sobre determinados aspectos da proposta e advertiram sobre a rejeição desta se Atenas não conseguir convencê-los de sua viabilidade.

Entre as demandas da troica está o que denominam uma "maior racionalização" do setor público, que inclui a demissão de 150 mil trabalhadores até 2015, uma questão que os três sócios da coalizão de governo tentam evitar por todos os meios.

Os integrantes da troica mostraram-se céticos com o corte de despesas administrativas no âmbito estatal, que totalizam um valor de 750 milhões de euros, e com a previsão de reduzir em 911 milhões de euros o orçamento da saúde e da segurança social.

Além disso, expressaram suas dúvidas sobre o projeto de baixar 517 milhões de euros a despesa militar ao considerar que esta não seria uma medida permanente, mas, simplesmente, uma tentativa conjuntural de adiar uma parte do orçamento de defesa.

O executivo grego deverá aprovar, nas próximas semanas, um plano de corte do orçamento estatal de cerca de 11,7 bilhões de euros para os próximos dois anos se quiser ter acesso ao empréstimo financeiro concedido pelos credores estrangeiros.

Na proposta do executivo encontram-se cortes no orçamento estatal de saúde, educação, defesa, administração local, serviços públicos e despesa administrativa, assim como reduções na planilha de servidores públicos, pensões e diversas prestações sociais.

O duro conjunto de medidas ainda tem que ser apoiado pelos sócios de governo, Evangelos Venizelos, do Pasok; e Fotis Kuvelis, da Esquerda Democrática, que reuniram-se na noite de ontem com Samarás, mas não conseguiram fechar acordo.

Em declarações à imprensa, Kuvelis assegurou não ter atingido nenhuma decisão sobre a proposta de cortes, chegou inclusive a sugerir que o apoio de seu partido não deveria se dar por certo, pois explicou que sua postura era a de "proteger economicamente os mais frágeis".

Por sua vez, Venizelos explicou que "há algumas medidas que não podemos aceitar, como os cortes gerais em pensões e cortes em ajuda por invalidez", e advertiu que "não podemos exceder o limite de tolerância do povo".

Os três líderes políticos marcaram um novo encontro para a próxima quarta-feira, uma vez que o premiê se reúne com os inspetores da troica em Atenas e na terça-feira, em Frankfurt, com Mario Draghi, presidente do Banco Central.

Fonte: Prensa Latina