Ministro boliviano pede consenso para resolver conflito em mina

O conflito entre os mineiros assalariados de Colquiri e os cooperativistas pela Mina Rosario só serão resolvidos quando ambas as partes se sentarem à mesa para negociar, advertiu o ministro da Mineração, Mario Virreira.

Em declarações dadas ao diário boliviano Cambio, Virreira assegurou que só um acordo entre os assalariados e os cooperativistas dará a possibilidade de se encontrar uma solução para o conflito.

Os integrantes da Cooperativa 26 de Fevereiro e os assalariados da Empresa de Mineração Colquiri estão se enfrentando há duas semanas em disputa pela exploração da mina, o que gera preocupação no governo devido aos protestos de ambos os grupos.

Virreira convoca esses "setores que se enfrentam para que sentem e resolve o problema primeiro entre eles, porque é um tema de tolerância mútua e só será por meio da compreensão mútua que será dada uma solução para o problema".

Para o ministro, o problema da mineração no país é do tipo estrutural e tem raiz na visão diferenciada que têm sobre a exploração das minas tanto o setor cooperativista como o assalariado.

Ao mesmo tempo, lembrou que o propósito do governo é recupera as riquezas em benefício do Estado e que, com esse fim, o ministério avançou pelo caminho da nacionalização.

Entretanto, indicou que existe respeito pela atividade cooperativa e privada, dentro do marco da Constituição Política do Estado, "que diz que serão respeitados os direitos pré-constituidos".

Os cooperativistas, que mantiveram por vários dias bloqueios em diferentes entradas de La Paz, capital do país, ameaçaram cortar o fornecimento de água e luz da cidade.

A Central Obrera Boliviana (COB), que apoia a posição dos assalariados e pede a nacionalização de todas as minas da Bolívia, iniciou nesta sexta-feira uma greve geral de 24 horas, incluindo no protesto uma marcha da cidade de El Alto até o centro de La Paz.

PCB aponta raiz do problema

Em nota divulgada na semana passada, o Partido Comunista da Bolívia atribui a origem do conflito ao governo de Sánchez de Lozada. A empresa em questão deixou um rastro de problemas, desde a natureza de sua mão de obra como laços com empresas multinacionais.

"Diante do problema suscitado no distrito mineiro de Colquiri e suas derivações sociais, econômicas e políticas, que preocupam os trabalhadores e o conjunto do povo boliviano, expressamos nosso ponto de vista, como é norma em um partido forjado na trincheira da causa do socialismo, baseado em princípios revolucionários classistas e anti-imperialistas", escreve o partido na nota.

O PCB descreve em nove pontos o desenrolar crise – formada no governo do ex-presidente e fugitivo do país Sánchez de Lozada –, em que a empresa deixa em sua trajetória um rastro de problemas trabalhistas e laços espúrios com multinacionais e ainda se vê obrigada a remunerar Lozada, ainda que foragido do país.

Para o PCB, os acontecimentos se sucederam de tal modo que as mobilizações de ambos os setores de trabalhadores puseram em xeque o suposto papel de mediador do governo, e quem paga as consequências são os cidadãos de El Alto e La Paz, que além de ser a sede do governo se converteu em sede de toda a problemática que pretensamente se resolve com as mobilizações nas ruas.

Os comunistas bolivianos também assinalam o papel deletério da direção da empresa, que coloca água no moinho do cerco à capital do país para omitir a sua principal intenção, que é apenas obter lucro, propiciando transtornos aos viajantes e conflitos violentos com trabalhadores de transportes impedidos de exercer seu trabalho.

O PCB elogia a atitude da COB, afirmando que "não poderia ser de outra maneira, ao se pronunciar de maneira unânime a favor da nacionalização de Colquiri e a favor da defesa da empresa estatal Comibol.

A nota do PCB termina convocando os trabalhadores e as cooperativas de mineiros a dizer um basta à exploração trabalhista, a tomar Colquiri como um bastião fundamental pela batalha proletária em defesa da Comibol e das conquistas sociais.

Da redação, com informações do PC da Bolívia e Prensa Latina